sábado, 28 de maio de 2011

Poema de Hidelberto Barbosa Filho

Momento n° 4

Eu sou qualquer coisa de intermédio
entre o câncer e o milagre.
Vezes sou montanha, vezes sou planície,
e não tenho rio nas minhas aldeias.        
Entre Europa e África, prefiro o sonho,
que não me levara a lugar nenhum.
Nem mesmo sou o meu torrão natal.
Dizer que sou múltiplo nos lajedos do sonho
também não me retrata. Eu sou aquele  
que não poderá ser: pedras e plumas,
isto e aquilo, e, enquanto sonho,   
vive o mundo a luxúria das águas.

            (Poema extraído de "O Livro da Agonia – e outros poemas")

2 comentários: