quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Poema de Lúcio Lins

Maria das Águas


eu sou
Maria das Águas
nome e fado
que a mim
me foram dados
pelo movimento
dos barcos

eu sou
Maria das Águas
desde Maria menina
quando só Maria
e ainda
pelo mangue
sob os céus
brincava
de transportar nuvens
em barcos de papel

dos meus
nada sei
salvo o talvez
tenham ido
nos barcos de antes

e tenho
uma vaga
na lembrança
que ainda de laços
sargaços e transas
já tentava esse mar
sem ser de mãos dadas

a cada maré
que vinha
Maria eu ia
tomando corpo
e o cais
tomando gosto
pelos prazeres Maria
que ao porto
fui servindo
antes do vinho
da primeira sangria

e foram tantos
quantos os barcos

que a mim
me chegaram
com suas almas
nos mastros hasteados

e foram tantos
quantos os barcos
que em mim
me deixaram
sem velas
e com enjôo dos mares

me chegavam
com suas falas
diferentes
com seus falos
urgentes
e me vestiam
a rigor
para suas fantasias

eu me despia
eu me vestia
eu me trocava
(enquanto suas mãos
em meu corpo
faziam cruzeiros
eu contava estrelas)

onde sou lodo
fui veludo
leito de tantos
deleites
pelos quatro
cantos do porto
para os quatro
cantos do mundo

confesso que vivi
confesso que bebi
goles e goles
de mar
até o mar derradeiro
ate saber-me sozinha
até beber-me Maria
garrafa sem mensagem

de mim
todos os barcos

já partiram
e eu sou só ruínas
de um corpo antigo
onde marujos
saciaram suas sedes
aos beijos
do gargalo
de minha boca

resta
em mim
o que esqueceram
em mim

as marcas
de mastros e dentes
a ferrugem
das âncoras tatuadas
um iceberg
no copo d’água
e o endereço de um mar

veio de mim
esse mar
que hoje bebo

veio de mim
esse mar
de amar sobejo

veio de mim
ser Maria
Maria das Águas

Maria que canto
encontro
de sede e água

e quando rio
eu rio doce
arco-íris nos lábios

Maria que canto
com os olhos
que olhos d’água

e quando rio
eu rio doce
orvalho na lágrima

Poeta sueco é favorito das apostas para o Nobel da Literatura

O escritor e poeta sueco Tomas Transtromer é o favorito das casas de apostas para vencer o Prêmio Nobel de Literatura neste ano, enquanto autores norte-americanos devem novamente ficar de fora da disputa pelo prêmio.

A casa de apostas britânica Ladbrokes deu a Transtromer, de 79 anos, chances de 5/1, ou uma chance em seis de vencer. Ele está à frente de outros poetas que tem cotação 8/1 --o polonês Adami Zagajewski, o sul-coreano Ko Un e o sírio Adonis.

O primeiro não-poeta no ranking das casas de apostas é o paraguaio Nestor Amarilla, um dramaturgo que segundo informações estaria entre os indicados para o principal prêmio mundial da literatura, mas as indicações oficiais são mantidas em segredo.

"Tomas Transtromer certamente deve estar à frente", disse David Williams da Ladbrokes. "Ele já é mencionado para o prêmio há muito tempo e sentimos que seu trabalho finalmente merece esse reconhecimento."

O vencedor do prêmio, que pode impulsionar autores relativamente obscuros ao holofote internacional, é notoriamente difícil de adivinhar, com uma série de surpresas nos últimos anos.

A Ladbrokes colocou os autores norte-americano Thomas Pynchon e Philip Roth, ambos citados há bastante tempo na corrida ao Nobel, com remotas chances de 18/1 de vencer o prêmio.

Quatro escritoras também estão com 18/1 chances: Joyce Carol Oates, Margaret Atwood, Alice Munro e A.S. Byatt.

O ganhador do Nobel recebe um prêmio no valor de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,5 milhão).

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/806523-poeta-sueco-e-favorito-das-apostas-para-o-nobel-da-literatura.shtml

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Poema de Ariano Suassuna

A Morte — O Sol do Terrível


Com tema de Renato Carneiro Campos


Mas eu enfrentarei o Sol divino,
o Olhar sagrado em que a Pantera arde.
Saberei porque a teia do Destino
não houve quem cortasse ou desatasse.


Não serei orgulhoso nem covarde,
que o sangue se rebela ao toque e ao Sino.
Verei feita em topázio a luz da Tarde,
pedra do Sono e cetro do Assassino.


Ela virá, Mulher, afiando as asas,
com os dentes de cristal, feitos de brasas,
e há de sagrar-me a vista o Gavião.


Mas sei, também, que só assim verei
a coroa da Chama e Deus, meu Rei,
assentado em seu trono do Sertão.

PMJP lança projeto literário nesta quinta-feira na Capital

'Que tal, Quinta?'. Este é o nome do novo projeto literário da Capital, que tem início nesta quinta-feira (30), a partir das 18h30, na Sala Funjope. O encontro, que nessa primeira edição vai abordar o tema 'Literatura e Imagem: formas de contar o mundo', terá a presença do professor e cartunista Henrique Magalhães, do jornalista Astier Basílio e do quadrinista paraibano Shiko como debatedores, além de Tiago Germano como mediador. A promoção é da Divisão de Literatura, Editoração e Biblioteca da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope).

Os encontros de literatura e artes afins irão acontecer semanalmente, sempre com dois ou mais convidados para uma conversa entre eles e o público. Na ocasião, serão discutidos temas ligados à obra de cada um. Os convidados farão uma breve apresentação, pautando conceitos e provocações literárias, seguida por perguntas e respostas. 'Que tal, Quinta?' terá um caráter aberto e lúdico. O projeto permite ainda apresentações, recitais, exibição de vídeo, lançamento de obras e sorteios de livros.

Com este novo projeto, a Funjope objetiva criar um ponto de contato entre autor e público, incentivando mais interação entre autores locais e nacionais. Há ainda a intenção de estimular o hábito dos leitores conhecerem mais o escritor, seu modo de criar, suas propostas e sua visão de mundo.

Henrique Magalhães – O debatedor é doutor em Comunicação e um dos maiores especialistas no país no mundo dos fanzines e quadrinhos. Ele é fundador e editor da 'Marca de Fantasia' e autor dos livros 'O Que é Fanzine' (1993) e o 'Rebuliço Apaixonante dos Fanzines' (2003). Também lançou as clássicas tiras 'Maria', trabalho foi publicado em jornal. Henrique Magalhães é o criador da Gibiteca Henfil na cidade de João Pessoa.

Astier Basílio – O poeta, jornalista cultural e teatrólogo Astier Basílio é pernambucano. Morou em Campina Grande e há seis anos está em João Pessoa. Possui vários livros publicados e, atualmente, trabalha como jornalista cultural. Suas produções são destaques entre os autores da região e os trabalhos estão espalhados nos principais sites de arte e poesia do país.

Shiko – Nascido na cidade paraibana de Patos, o desenhista e quadrinista Chico desenvolve um trabalho que possui uma ligação com a literatura. Em cada história contada, são desenvolvidos novos temas com diferentes personagens.

Recentemente, Chico foi convidado para adaptar o romance 'O Quinze', de Rachel de Queiroz. O desafio é transformar a obra em quadrinhos, de acordo com a proposta da editora Ática. O artista também foi chamado para expor na Convenção Internacional de Quadrinhos, que acontece em novembro próximo, no Rio de Janeiro.

Serviço – A Sala Funjope funciona no terceiro piso da sede da Fundação Cultural de João Pessoa, localizada na Rua Duque de Caxias, nº 352, Centro da Capital. Mais informações podem ser adquiridas pelo telefone 3218-9811 (falar com André Aguiar).

Fonte: http://www.joaopessoa.pb.gov.br/noticias/?n=15253

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Poema de IkaRo MaxX

procriação


a fagulha das penumbras queimam na última hora

deixando escorrer o escárnio daquelas senhoras santas

que sonharam tanto um dia serem

como a virgem Maria

pregada numa imaculada vitrine

enquanto suas saias soltam centelhas

de filhos santos abortados pelos homens

& na margem final das contas

onde os números acumulam cenas

os olhos vermelhos dos casais desconsolados

miram no filho a única iguaria leviana em todo a Eternidade

atrás das paredes batem asas os pensamentos

os talhares dispostos para mais uma ceia

o batom entalhado na face usada de uma mulher de bem

e as velas queimando um último décimo de decência

inalada juntamente aos gases horríveis

da mãe que morre em sua poltrona preferida…

IX CCHLA Conhecimento em Debate de 22 a 26 de novembro de 2010

O IX CCHLA Conhcimento em Debate é um Espaço destinado ao lançamento de obras – livro, revista, cd, dvd e outros produtos de difusão acadêmica – de autoria dos participantes inscritos no IX CCHLA Conhecimento em Debate. A apresentação será feita pelo próprio autor ou pela pessoa delegada, sendo-lhe reservado tempo de até 5 minutos para sumariar o conteúdo da obra. O evento ocorrerá em espaços especialmente reservados para essa finalidade. Ao final das apresentações os autores poderão autografar as suas obras.

Como inscrever: As propostas de lançamento deverão ser encaminhadas à Comissão de Comunicação com título, resumo geral da obra, o nome do proponente e, se for o caso, o nome da pessoa indicada para a apresentação. Dentro do arquivo em Word contendo a proposta de lançamento, deve-se inserir a foto da capa da publicação.

Para se inscrever, visite o site http://www.cchla.ufpb.br/conhecimentoemdebate2010/

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CONCURSO DE POESIA Augusto dos Anjos

No site www.leopoldinense.com.br estão abertas as inscrições do 19° concurso de poesia Augusto dos Anjos da cidade de Leopoldina!

Bela homenagem ao nosso Augusto

ENSAIOS FOTOGRÁFICOS e TeAtRáLia no ‘Café em verso e prosa’

Neste final de setembro de 2010, o sarau ‘Café em verso e prosa’ será marcado por um festival de imagens trazidas pelo poeta mato-grossense Manoel de Barros, especialmente no seu livro Ensaios Fotográficos. O sarau acontecerá na próxima segunda-feira, dia 27 de setembro, em razão dos acontecimentos políticos que tomam conta da cidade na última semana de campanha eleitoral.
Este evento marca a volta do grupo Teatrália, do qual a atriz Suzy Lopes participou na sua fundação, por volta de 1999, junto com Dôra Limeira,Wilma Albuquerque, Sônia Sales e outros. O grupo renova-se com a participação de outros integrantes, porém com a mesma proposta de leituras poéticas em pequenas encenações. Várias gerações se encontram no palco e, uma das inovações do grupo é a atuação de músicos fazendo, ao vivo, as intervenções sonoras.
Este trabalho nasceu por provocação do fotografo Ricardo Peixoto, a partir de um convite para uma atuação poética em um evento da Agência Ensaio, o projeto Lambe-lambe deste ano. Daí brotou a idéia de retomar o grupo Teatrália, e, inevitavelmente, o pretexto da leitura do livro Ensaios Fotográficos, de Manoel de Barros. “O processo de montagem foi um deleite poético, viramos todos manoelitos. Criei o adjetivo para designar os componentes do grupo, fãs e leitores vorazes de Manoel de Barros”, conta Suzy Lopes.
O sarau ‘Café em verso e prosa’ acontece nesta segunda-feira, 27 de setembro, às 20h30, no Empório Café, em Tambaú, por trás da Feirinha. A entrada é gratuita. Maiores informações 8801-8533.
Manoel de Barros nasceu em Cuiabá – MT, em 1916. Atualmente, mora em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Publicou seu primeiro livro em 1937, “Poemas concebidos sem pecado” e até hoje são quase 30 livros de poesia e muitos prêmios, homenagens e o reconhecimento de que se trata de um dos maiores poetas brasileiros. Manoel de Barros está vivo e produzindo muito. Seu livro mais recente saiu este ano de 2010 e é o “Menino do mato”. Manoel de Barros é partidário de uma poesia simples, apaixonante e que fala do homem integrado à natureza, sem esquecer das relações sociais e das angústias deste homem frente às questões como fome, pobreza, exclusão social e outros. O poeta é um homem enigmático, um homem que se desvela pelas palavras, entretanto, mesmo assim, mantém o mistério. Ou seja, como ele mesmo se define: “Me exibo através de ficar sob as cinzas. Sou sempre uma pose falsa tirada no escuro. Me exibo de costas. Eu faço o nada aparecer.” Sua prática de conceder entrevistas por escrito transformou a entrevista num gênero literário tão digno quanto qualquer outro. A editora Leya de São Paulo acaba de lançar sua ‘Poesia completa’ contendo todos os livros de poemas desde 1937, quando lançou os ‘Poemas concebidos sem pecado’, até o ‘Menino do mato’, de 2010, passando por toda a sua obra, inclusive os infantis, que são 4 livros. Dentre eles, para citar alguns, estão: ‘Compêndio para uso dos pássaros’ (1960), ‘Gramática expositiva do chão’ (1966), ‘Arranjos para assobio’ (1980), ‘Concerto a céu aberto para solo de ave’ (1991), ‘Ensaios fotográficos’ (2000), ‘Tratado geral das grandezas do ínfimo’ (2001) e os infantis ‘Exercício de ser criança’ (1999), ‘Poeminha em língua de brincar’ (2007), dentre outros.
O Teatrália é um laboratório poético: leitura, encantamento, performance, música, enfim. Toda a inquietação trazida pela artes podem e devem desaguar no Teatrália. Por outro lado, o grupo alimenta-se desta inquietação para buscar na arte, o seu equilíbrio. Além disso, vale ressaltar que o grupo experimenta a novidade da intervenção musical, ao vivo.
Na noite de 27 de setembro, haverá uma exposição do músico/desenhista Matteo Ciacchi, ele mostrará uma parte da sua produção com exposição dos seus desenhos. A arte do cartaz deste evento é autoria de Ciacchi.

Quando: SEGUNDA, 27 de Setembro de 2010
Hora: Depois das 20:00

Onde: EMPÓRIO CAFÉ (Por tras da Feirinha de Tambaú)
Informações: 8801-8533

Fonte:http://cafemversoeprosa.blogspot.com/

sábado, 25 de setembro de 2010

Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas ENTRELINHAS LITERÁRIAS

Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas ENTRELINHAS LITERÁRIAS

REGULAMENTO

Estão abertas as inscrições para a Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas Entrelinhas Literárias.

1) Serão 50 vagas ou até 250 páginas ou data limite de 31 de março de 2011, o que completar ou atingir primeiro. A antologia será editada por nome de Autor em ordem alfabética que poderá usar ou não nome literário. O tema é livre e não haverá qualquer tipo de censura, por parte da editora, sobre o conteúdo publicado pelos autores na antologia.

2) Não há obrigatoriedade de ser inédita. Não é concurso e todos os participantes terão seus trabalhos publicados. Poderão participar escritores residentes ou não no Brasil. Os trabalhos deverão ser em língua portuguesa, o que não impede o uso de termos estrangeiros no texto.

3) O Autor poderá participar com POESIAS, CONTOS e CRÔNICAS desde que o número de páginas não ultrapasse o limite máximo de 10 (dez) páginas. Na página de abertura de identificação de cada Autor constará uma mini-biografia de no máximo 8 linhas com aproximadamente 500 caracteres.

TAXA DE PARTICIPAÇÃO:

02 páginas - Preço R$ 156,00 - 3 parcelas de R$ 52,00 - 10 exemplares
03 páginas - Preço R$ 225,00 - 3 parcelas de R$ 75,00 - 15 exemplares
04 páginas - Preço R$ 300,00 - 3 parcelas de R$ 100,00 - 20 exemplares
05 páginas - Preço R$ 375,00 - 3 parcelas de R$ 125,00 - 25 exemplares
06 páginas - Preço R$ 414,00 - 3 parcelas de R$ 138,00 - 30 exemplares
07 páginas - Preço R$ 519,00 - 3 parcelas de R$ 173,00 - 35 exemplares
08 páginas - Preço R$ 591,00 - 3 parcelas de R$ 197,00 - 40 exemplares
09 páginas - Preço R$ 660,00 - 3 parcelas de R$ 220,00 - 45 exemplares
10 páginas - Preço R$ 741,00 - 3 parcelas de R$ 247,00 - 50 exemplares

Cada autor receberá 5 (cinco) exemplares da obra por página contratada.

FORMAS DE PAGAMENTO:

- A Vista por meio de boleto bancário para pagamento 30 dias da data da inscrição.

- A Prazo por meio de boletos bancários para pagamento 30.60.90 dias da data da inscrição.

4) A Scortecci fará uma pré-diagramação do material enviado e enviará orçamento para aprovação e posterior emissão dos boletos. Não haverá reserva de vagas. Não haverá cessão de Direitos Autorais, ou seja, os trabalhos continuarão pertencendo a seus autores.

5) Os Autores responderão sobre plágio, publicação não autorizada, calúnia, difamação ou não autoria da obra, isentando a Scortecci Editora de crime de Direito Autoral.

6) Cada Autor receberá por e-mail, para revisão, cópia da composição de seus trabalhos que, uma vez revisados, deverão ser assinados, datados e liberados para impressão. Os textos não devolvidos no prazo estipulado serão impressos conforme cópia do arquivo digital postado no ato da inscrição.

7) Autores de São Paulo (Capital) e Grande São Paulo deverão retirar seus livros de direito na editora após o lançamento no prazo de até 30 dias. Autores do interior de São Paulo e outros estados receberão seus exemplares pelo correio, via encomenda normal, no endereço indicado na ficha de inscrição no prazo de até 30 dias do lançamento. Autores residentes fora do Brasil deverão fornecer um endereço no Brasil para recebimento dos livros prontos. Não serão enviados livros para o exterior.

8) Inscrições somente pela Internet e todo o material deverá ser postado nos espaços reservados da Ficha de Inscrição.

9) A Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas Entrelinhas Literárias será lançada em São Paulo, Capital, no mês de junho de 2011, em data e local a ser confirmado posteriormente. Os Autores inscritos poderão ou não participar do evento de lançamento da obra. Para os interessados na noite de autógrafos a Scortecci providenciará convites e e-mail marketing para divulgação.

10) Ao fazer sua inscrição o Autor estará de acordo com todas as regras e valores deste regulamento de participação.

Mais informações pelo e-mail: entrelinhas2011@scortecci.com.br
Telefones: (11) 3032.1179 ou (11) 3032.6501.

Poema de Águia Mendes

Morrer



morrer

é apagarem-se

todas as luzes da casa,



quando tudo gela

na noite

maravilhosa e bela

e o céu se infesta

de estrelas

e faz um

silêncio de rachar.



morrer

é não mais

ir à feira.



é ficar em casa

descansando

em trajes

de madeira.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Poema de Antônio Mariano

Da eternidade




a eternidade é feita de pássaros
que riem do vôo em falso
dos homens


planar além dos rochedos
é anoitecer
desinteressada perenidade


é não precisar de relógio
pra se descobrir presente


nem contemplar o passado
fez invisível do tempo


o que há de mais seguro
no alvará da incerteza
que levita?


o futuro tem asas
repete o poeta
timidamente

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Poema de Lúcio Lins

duas margens

quando o tempo
me cobrir os céus
com a anágua suja
da tua espera
e teus lábios
forem duas margens
um
gritando calmaria
outro
clamando tempestade
eu voltarei
de corpo e barco
e por ti
seguirei minha viagem

navegarei
entre teus braços
e segredos
eu
serei teu búzio
tu
serás o meu degredo

Lúcio Lins

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Prêmio Sesc de Literatura

Do blog http://linaldoguedes.blog.uol.com.br/

As inscrições para o Prêmio SESC de Literatura serão concluidas no próximo dia 30 de setembro, nas categorias Conto e Romance. O concurso é promovido pelo Departamento Nacional do Serviço Social do Comércio, e, no estado da Paraíba, os autores devem procurar as Unidades do SESC em João Pessoa, Campina Grande, Guarabira, Patos, Sousa e Cajazeiras, para efetuarem as inscrições e submeterem suas obras a análise de Comissões Julgadoras compostas por especialistas em literatura, escritores, jornalistas e críticos literários.

O concurso pretende premiar textos inéditos, escritos em língua portuguesa, por autores brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil. Cada participante, que não poderá ter nenhum livro publicado, deve participar com apenas uma obra inédita em cada categoria, sendo que de 130 a 400 laudas para Romances; e 70 a 200 páginas nos Contos, com o texto digitado no Word, em apenas um lado da página, fonte Times New Roman tamanho 12, estilo normal, cor preta, parágrafo de alinhamento justificado, espaço entrelinhas duplo, todas as margens 2,5 e impressos em papel A4, ficando a divulgação do resultado prevista para o mês de março de 2011. O vencedor de cada categoria terá sua obra publicada e distribuída pela editora Record, cabendo o direito a 10% do valor de capa na comercialização em livrarias, além de distribuição na rede de bibliotecas do SESC no País e outros espaços culturais.

Sérgio de Castro Pinto na Tv

Durante a programação da Tv Cidade João Pessoa há um espaço reservado para recitação de poemas de autores paraibanos. Atores se revezam na declamação de versos de Ariano Suassuna, Ed Porto, Augusto dos Anjos, Sérgio de Castro Pinto entre outros.
Aliás, o caso de Sérgio é especial. 2009 foi escolhido o Ano Cultural Sérgio de Castro Pinto. Projeto muito interessante onde, segundo informações, todos os alunos da rede municipal estudam vida e obra do homenageado.
Para o mestre Sérgio de Castro Pinto todas as homenagens são poucas, além de grande poeta e grande figura humana, Sérgio é um farol para todos os amantes da cultura paraibana.
Parabéns aos idealizadores do projeto Ano Cultural e da Tv Cidade João Pessoa. É comovente ouvir Sérgio declamado por crianças.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Poema de Marco di Aurélio

Canto pra minha terra…
2/12/09

Assim
cantada
a terra encastelada
se faz o paraíso
se faz São Saruê
e sem dizer por que
é mote de improviso.
Remota
escondida
ao longe tão perdida
sem nome mapeado
sem carta de origem
é ato de vertigem
tesouro bem guardado.
No peito de quem sofre
distância tão tirana
a terra que se ama
pros outros não existe
sem letra pro seu hino
saudade é desatino
de um chão qu’inda me chama.

FONTE: http://www.marcodiaurelio.com/blog/?cat=3

Chico Viana Lança livro hoje

Bem-humorada radiografia do ser

Mercedes Cavalcanti

Com o título A idade do bobo, Chico Viana, bem-humoradamente, transmuta o supostamente digno e potente paradigma do lobo feroz na figura grotesca do bobo. O “lobo” corre, vai à caça. O “bobo” fica, reavalia seus sonhos, alvos e projetos, questiona os fatos vividos e os fatos hodiernos; compara valores antigos e valores atuais e questiona uns e outros, inclusive a existência humana.

Ninguém imagine que se deparará com exemplos arquetípicos do homem maduro que encalça a presa, visando, desesperadamente, satisfazer sua autoafirmação masculina abalada pelo medo da velhice. A presa de Chico Viana transcende o invólucro carnal. Vai ao âmago do ser, à sua busca desesperada por dar sentido à existência. Num estilo versátil, ora envereda pelo poético, em trechos que caberiam no sortilégio encantatório que emana dos textos de Crispim, ora assume a feição irônica, cáustica, corrosiva, de um Machado de Assis – autor que o cronista cita constantemente. Em Divino Vinho, eleva o leitor ao cimo do lirismo, a uma espécie de catarse poética, ao definir o vinho como “a culminância, a redenção, a prova de que a experiência com as outras bebidas não passa de um estágio às vezes doloroso rumo à transcendência”.

Se de um lado, o cronista fotografa fatos e circunstâncias, doutra parte, sem eufemismos, faz uma radiografia, abrindo (e pisando) as feridas sob o crivo de seu olhar, descobrindo e escancarando pontos nevrálgicos da condição humana. Assim, em Palavreando, denuncia, munido de uma contundência acachapante, a corrupção vigente: “Buscar decência na política é como procurar castidade num prostíbulo”. Ainda, num viés talvez ainda mais machadiano, diz: “Uns entram nas academias para conquistar a imortalidade. Outros, para confirmar que estão mesmo mortos”. Suprassumo da mordacidade irônica!

Posto que dê vazão à liberdade, mormente no âmbito das ideias, transita num espaço vigiado, com relação à língua portuguesa. Povoam seu livro crônicas como Traição (que faz um paralelo entre a infidelidade vernacular e o adultério); O Poder da Frase (que discorre sobre a correção da língua escrita, seja na vida, seja na morte); Alienação Gramatical, O Sol Nasceu e Solecismo amoroso, onde é narrada uma deliciosa história de amor em que, ironicamente, o casal se separa por pura incompatibilidade vernacular. Aliás, o livro é uma aula de bem escrever!

Costurando suas ideias, posicionamentos e visão de mundo com argumentos ora filosóficos, ora psicologizantes, há momentos em que, revelando ceticismo, faz troça da incoerência humana, que se patenteia em diferentes facetas ao longo das gerações. Usa e abusa dos trocadilhos, paradoxos, às vezes superpondo-os, como num estilo barroco às avessas, onde o intuito não é rebuscar, mas, justamente, retirar a maquilagem, alcançar a nudez das coisas. Senão, vejam-se as citações que seguem, inseridas em Eufórica alienação: “Os jovens da minha geração falavam obsessivamente em derrubar o regime. Hoje todos exaltam o regime, desde que ele nos liberte do excesso de calorias”. Ou, ainda: “Pecado agora não é contestar as certezas do materialismo dialético; é ignorar os malefícios da gordura trans”.

Por tudo isso, a derradeira obra de Chico Viana, A Idade do Bobo, não tem nada de boba. Antes, trata-se de um livro que transporta o leitor a elucubrações sagazes e que bem poderia intitular-se – parafraseando Jane Austin – A Idade da Razão e Sensibilidade.

Em tempo: o novo livro de Chico Viana será lançado na noite de hoje, no Terraço Brasil

Em tempo 2: Chico Viana é um especialista em Augusto dos Anjos e intelectual de marca maior.

FONTE:http://linaldoguedes.blog.uol.com.br/

sábado, 18 de setembro de 2010

XI Enil - Encontro Nacional de Interação em linguagem verbal e não verbal

Acontecerá de 19 a 22 de setembro o XI Enil - Encontro Nacional de Interação em linguagem verbal e não verbal.

Vale a pena conferir.

Mais informações no site http://www.nonoenil.com/lancamento-de-livros/

Poema de Valberto Cardoso

A invenção do dia


Desconheço aquela paisagem
Que cobria os meus olhos, os meus pés, os meus dedos,
Sirenes do dia

Desconheço o brejo e suas fábricas
As crianças que brincavam comigo,
Que atravessavam a história do beijo

Não desejei perseguir as ruas por onde construí estes descaminhos
Onde ficou o nosso hóspede no momento em que o porão se desfazia
Emparedado à sombra da renúncia?

Assim foi a casa, a cozinha, o quintal
E a fração do almoço,
Como proclamar o diário da boca
E assim a obrigação de dobrar lençóis...
O sol - maior que os quartos - e a terra nos vestiam de intervalos

Entre os inventários, a ruína
O rito das traças, a melodia devorada
Fora da sala o incompleto palácio

E a oração da tarde
A percorrer a ingênua cidade

O anúncio da hora prévia
E exata da verdade

Valberto é poeta nascido na bela cidade paraibana de Areia.

Texto de Félix Maranganha

Poesia e Sacanagem

O amor, ou o sexo, se assim o preferir o leitor, nem sempre enfrentou a série de interditos que a cultura ocidental a ele dedica. O sexo é um processo natural da nossa espécie, faz parte de nossa natureza, e nosso comportamento em torno dele é produto de nossa própria evolução enquanto espécie. Negá-lo é negar o que somos, uma vez que toda a nossa cultura gira em torno dele. É bom ou ruim? Nem um nem outro, é fato! Mesmo assim, parece que a literatura ocidental, e muito da oriental também, reservaram-se muito ao tratar do assunto, geralmente tratando-o como um jogo sem ética, ou como algo nojento, e por vezes algo sagrado demais para ser posto na linguagem comum. Um dos efeitos desse pensamento foi o surgimento do palavrão. O palavrão é um fenômeno que diz respeito apenas ao mundo ocidental e, posteriormente, a suas derivações culturais no Oriente. Não significa que interditos similares não existissem em outras épocas e lugares, mas o interdito recluso apenas à esfera das coisas do Baixo Corporal (qualquer coisa do umbigo para baixo) é um resultado direto da demonização do sexo, da valorização do sofrimento e da ideia que o prazer é pecaminoso, pensamentos iniciados em meio à cultura católica da Idade Média.

Apesar de acharmos que isso se deveu a uma intromissão da cultura romana no Cristianismo, observemos que os Romanos, assim como os Indianos, tinham predileção por imitar seus mestres gregos nas artes e no pensamento. Para tanto, segundo o pesquisador de cultura e religião indiana, Fabrício Possebom, obras como o Ramayana (Índia) e a Eneida (Roma) são imitações em estilo próprio das linhas narrativas da Ilíada e da Odisséia (Grécia). Assim como tivemos na Grécia a presença de Safo, tivemos em Roma o poeta Ovídio, e na Índia o poeta Vatsyayana. A lista seria longa e exaustiva, por isso vamos nos concentrar apenas em uma dessas correlações: o Kama Sutra.
Uma das muitas posições
sexuais listadas no Kama Sutra

Apesar de ser mais conhecido no Ocidente como o manual indiano do sexo, o Kama Sutra, do poeta Vatsyayana, não é um livro sobre o sexo apenas. É um verdadeiro tratado sobre o amor e tudo aquilo que ele representa. É um longo poema cujo tema central é ensinar a gerir as relações interpessoais e familiares, e no qual o sexo e suas famosas posições representam apenas o sexto capítulo. No original, o livro é constituído de onze capítulos, que são: Prefácio – é uma das primeiras obras da história a apresentar um prefácio –; Da Conquista do Dharma, Artha e Kama; Das artes e ciências a serem estudadas; A vida de um cidadão; Dos tipos de mulheres procuradas pelos cidadãos; Da união sexual; Da aquisição de uma esposa; Da esposa; Das cortesãs; Dos meios de atrair os outros. O Kama Sutra é, antes de mais nada, um manual não do sexo, mas da própria sexualidade como um todo.

Embora seja o mais famoso manual de sexualidade, o Kama Sutra é, antes de tudo, um poema. Em estrutura, é bastante similar à Arte de Amar, do poeta romano Ovídio, e ambas as obras possuem muitas citações, veladas ou não, da poetisa grega Safo, que viveu na Ilha de Lesbos no século VII a.C. Semelhanças à parte, o Kama Sutra é mais que um livro sobre relacionamentos, é um grande poema didático sobre as relações humanas. Como se diz no próprio livro:

O homem deve estudar o Kama Sutra e as artes e ciências que lhe são subordinadas, além do estudo das artes e ciências contidas em Dharma e Artha. Até mesmo as jovens donzelas devem estudar os Kama Sutra, juntamente com as artes e ciências acessórias antes do casamento e depois, se seus maridos consentirem.
(Kama Sutra, III, 1).


Logo depois, listam-se dezenas de disciplinas, entre as quais Química, Música e História. Obviamente, muito do que se trata ali é típico de uma cultura hindu, e específico a uma classe social e às castas superiores. Vemos no Kama Sutra as diferentes condutas para mulheres donzelas e mulheres defloradas em meio à sociedade, além de todas as ciências que tanto homens como mulheres devem dominar. O sexo é tratado de forma ritual, vinculado ao ciclo de renascimentos, ou Karma, e como algo sério, que deve ser aprendido com um mestre para melhor proceder.

A diferença entre essas culturas não ocorre apenas na esfera cultural-religiosa. Historicamente, os deuses da natureza e da criação na Índia foram bruscamente substituídos por versões mais atraentes, como deuses da fertilidade e da vida – todos eles representações do deus Kama – em torno do século III d.C. O resultado foi uma maior tendência à erotização de sua teologia, que permanece até os dias atuais. Essa erotização do culto foi tamanha que, entre os séculos IX e XIII d.C., os governantes locais acharam politicamente favorável seu reconhecimento. A Índia fez, portanto, o movimento de contramão em relação à cultura ocidental, e em vez de banir os costumes do povo – prática comum e geradora de interditos – resolveu corroborá-los e assumi-los. Assim, funções como as prostitutas ganharam concepções distintas em ambas as culturas. A prostituta ocidental é uma mulher profana, e um objeto de uso e descarte. A davadasi é uma prostituta oriental, sagrada, e de papel ativo tanto político quanto religioso, na cultura indiana.

Por isso, apesar de existirem interditos linguísticos na Índia – quase todos vinculados à esfera ritual, com datas para acontecer e ligados à uma relação de classes – não há palavrões, ou seja, não existe na Índia e na maioria dos países cuja história encarou o sexo como algo natural a palavra que liga-se à ideia de pecado e, ao mesmo tempo, à ideia de sexo. Sexo é sagrado, e é respeitado como tal.

O que aconteceu no Ocidente, porém, foi uma ruptura histórica com a cultura do sofrimento da Idade Média, e pregada pelas religiões monoteístas como o Islamismo, o Judaísmo e o Cristianismo. Essa ruptura fez as pessoas buscarem elementos mundanos com os quais identificarem-se e, num processo de reequilíbrio, exageraram um pouco em concepções sexuais, teológicas e linguísticas, o que levou à má interpretação no Ocidente do Kama Sutra como um manual de posições sexuais. Mas todo processo de reequilíbrio tem dessas coisas mesmo.

FONTE: http://www.assassinador.blogspot.com/

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Nova diretoria da UBE

Chegou por e-mail:


UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES DA PARAÍBA

Sede Provisória: Praça Dom Adauto, nº 13, Centro
CEP 58010-670 João Pessoa – Paraíba
Fundada em 30 de Abril de 1961
Reestruturada em 18 de Agosto de 2006
Email: ubepb@ricardobezerra.com.br

Eleita nova Diretoria para presidir a instituição no biênio 2010/2012
Período 01/09/2010 até 31/08/2012

No último dia 13 de Setembro de 2010 em Assembléia
Geral Ordinária, às 17:00, na sede provisória da UBE/PB, foi eleita a nova
diretoria para o biênio 2010/2012, para o mandato de 01/09/2010 até 31/08/
2012, estando assim composta:

Presidente RICARDO BEZERRA
Vice-Presidente JAIRO RANGEL TARGIINO
Secretário-Geral MARIA JOSÉ TEIXEIRA LOPES GOMES
Diretor Financeiro EMMANOEL ROCHA CARVALHO
Diretor Administrativo FRANCISCO DE PAULA ATAIDE
GONZALEZ

A posse SOLENE ocorrerá no encerramento do I
Encontro de Escritores no dia 27de Novembro próximo na Fundação Casa
de José Américo com a presença do Esc. JOAQUIM MARIA BOTELHO,
Presidente Nacional da União Brasileira de Escritores.
João Pessoa, 14 de setembro de 2010

RICARDO BEZERRA
Presidente

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Poema de Hildeberto Barbosa Filho

Destino


Decerto não serás feliz.
Algum oráculo, estranho
e de longo tempo, anuncia.
Imponderável é o teu destino.
Mesmo que o amor inunde o pátio
das tardes e as tardes inundem as margens
dos dias e os dias invadam o delta
das noites, decerto não serás feliz.
Os elos, mesmo os de sangue, ruirão.
O tempo, com sua agulha silente, tecerá
a fábula febril da dor, os atrozes
elementos de tua insaciável agonia.
E nada restará a ti, ao animal
que és e foste nas horas extremas
dessa ancestral melancolia.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Tv e Literatura - Programa Entrelinhas

O Entrelinhas é um programa dedicado aos livros e à literatura, com trinta minutos de duração, exibido pela TV Cultura de São Paulo, desde o dia 5 de julho de 2005. Apresentado por Paula Picarelli, tendo como editor-chefe Manuel da Costa Pinto, o programa vai ao ar pela TV Cultura e também é retransmitido por quase todas as emissoras públicas e educativas do país.

Entrelinhas segue o formato de uma revista eletrônica, reunindo a cada semana um material diverso, apresentado de maneira dinâmica e ao mesmo tempo aprofundada.

O programa exibe entrevistas gravadas na rua ou na casa dos escritores, reportagens sobre tendências do mundo literário, matérias sobre clássicos brasileiros e universais, enquetes com leitores e seções como "lançamentos", “resenha do leitor” e “agenda”. Além de incentivar a leitura e divulgar para um público amplo a literatura de qualidade, o Entrelinhas busca desmistificar a velha concepção de literatura como algo difícil, complicado, ou distante da vida cotidiana. O programa conta ainda com a participação dos colaboradores: Joca Reiners Terron, Veronica Stigger, Carlos Eduardo Ortolan, Andréa del Fuego, Heitor Ferraz Ivan Marques e Allan da Rosa.

Editor-chefe: Manuel da Costa Pinto
Produção e Edição: Paula Montoro, Letícia Costa, Gal Buitoni e Ricardo Sêco
Assistencia de Produção: Maysa Pizzuto
Estágio: Danny Abensur e Bruno Cruz

Inédito: Domingo, 21h30. Reapresentação: madrugada de terça para quarta à 01h30

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

MAIS UMA FEIRA DE LIVRO

A Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB) promoverá, a partir do dia 19 de outubro, a 3ª Feira do Livro Universitário, com o objetivo de difundir a cultura e facilitar o acesso, entre a comunidade acadêmica, dos livros publicados por editoras universitárias de todo o Brasil. A Feira acontecerá no hall de entrada do Prédio da Administração Central da UEPB, localizado no bairro de Bodocongó, em Campina Grande.

Segundo os organizadores, o evento ocorrerá paralelamente à 5ª Semana de Extensão (Semex) da UEPB, realizada pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PROEAC), de 18 e 22 de outubro. No entanto, a EDUEPB estenderá a Feira até o dia 31, para que alunos, professores, servidores e demais interessados possam conhecer as publicações e usufruir da iniciativa por mais tempo.

Mais de 500 títulos estarão disponíveis e os exemplares serão comercializados com descontos de 50%, para livros publicados pela EDUEPB, e 30%, para os livros assinados por editoras de outras Instituições de Ensino Superior (IES).

Durante a Feira, além de publicações da EDUEPB, poderão ser encontradas outras, oriundas de editoras tradicionais, como as da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade de Brasília (UNB), dentre outras.

Outras informações podem ser adquiridas através do telefone (83) 3315-3452.

FONTE: Secom-PB

Poema de André Ricardo Aguiar

O Ciclista

À flor veloz
colhe o tempo
(pedal)
pé ante perigo
no risco de dar consigo

Centauro de rodas e aros,
meio homem, meio
de transporte

A pena da bicicleta
escreve ruas
até que uma esquina
engatilha o ciclista
e dispara—

A pólvora do instante
o ciclo da vida

Tudo pássaro
e passageiro.

Extraído de ANTOLOGIA SONORA – Poesia Paraibana Contemporânea. João Pessoa: Edições O Sebo Cultural, 2009. Produção executiva de Heriberto Coelho de Almeida. Contendo 9 CD com gravações de poemas nas vozes dos autores, e 31 encartes em caixa de madeira. ISBN 978-278-995423

Dica de Blog

A Revista Blecaute vem ganhando destaque no mundo literário.
Vale a pena conferir:

http://revistablecaute.blogspot.com/

sábado, 11 de setembro de 2010

Poema de George Ardilles

"Um mostro" roubou
minha infância



Debaixo da minha cama
- quando criança -
morava um monstro feio
que não me deixava dormir,
- embora eu nunca o tenha visto.
Depois que eu cresci,
o monstro ficou sem casa ou
foi morar com uma outra criança...
e eu fiquei sem infância.

George Ardilles
Publicado no Recanto das Letras em 27/01/2009

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Feiras de Livros na Paraíba

Depois de ler artigo de Homero Fonseca no blog do amigo Linaldo Guedes estou pensando cá com meus botões.
A Paraíba também está febril ou ficou alheia a onda de feiras literárias que contagiou o país?
Afirmo sem medo de errar que apesar dos altíssimos índices de analfabetismo e da coisificação da arte, a Pequenina, que elegeu como paraibano do século XX um poeta, aos poucos vai caindo de febre também.
A FLIBO- Feira de Livros de Boqueirão antecedeu a Feira de Livros e produtos culturais de Sapé, que por sua vez antecedeu o AGOSTO das letras realizado na capital.
Não fui ao AGOSTO, mas estive na FLIBO e em Sapé, minha terra, e posso dizer que apesar das dificuldades e do ineditismo das ações, ambas as experiências foram coroadas de êxito.
Em Sapé, autores e livreiros comemoraram vendas que superam expectativas. Eu mesmo vendi todos os exemplares dos meus escritos em uma só noite. Foram 20 livros em aproximadamente 1 hora sentado esperando o leitor chegar.
Pois é, meus amigos, acredito que essa tendência vai seguir seu caminho e além de Boqueirão, Sapé e João Pessoa, outras cidades também irão cair com a febre das feiras literárias.

A febre literária que se alastra pelo País

Homero Fonseca (http://www.interblogs.com.br/homerofonseca/)

Fenômeno curioso esses festivais literários que se alastram pelo país.

É como se a Literatura, já há muitas décadas afastada às cotoveladas da boca do palco pela truculência da indústria cultural e por novas formas culturais mais atraentes, estivesse procurando encontrar um novo espaço.

De Porto Alegre - onde tudo começou com a mais que charmosa e cinqüentenária Feira do Livro - a Marechal Deodoro - que encerrou neste domingo a mais nova Festa Literária do País (1ª Flimar) -, passando por Passo Fundo e Mossoró, Ouro Preto e Rio Branco, sem contar, claro, as capitais metropolitanas (algumas das quais chegaram atrasadas, mas trazendo novo gás ao circuito, como Curitiba e Belo Horizonte), por todo esse Brasilzão sempre paradoxal pipocam festivais celebrando o livro e a leitura.
Só vejo aspectos positivos nessa febre. Claro que há eventos mais “cabeça” ou mais comerciais, mais reflexivos ou mais festivos. Mas a soma deles, cujo alcance se propaga pela obrigatória cobertura da mídia que, na entressafra das feiras, trata a Literatura como a prima pobre das artes (e parece que é, mesmo) resulta num movimento que dá visibilidade ao livro e ao escritor e que deve ter seus efeitos na propagação do hábito da leitura. Se antes, esse hábito nascia de dentro para fora (quando nas casas havia estantes e pais letrados), agora se propaga de fora para dentro (das feiras e de sua repercussão na mídia para os corações e mentes de uma parcela da população).

Também representam uma fonte de renda extra para os escritores, uma oportunidade para que exerçam sua sedução olho no olho do leitor e um ponto de encontro dos que compõem o universo literário. Sem falar, claro, no negócio do livro em si, que recebe extraordinário impulso nessas ocasiões, basta ver os números de livros vendidos durante as grandes feiras.

Recentemente estive em São Paulo, cuja Bienal recuperou público e prestígio em relação às ultimas edições.

Agora, me despeço de Marechal Deodoro, essa linda cidade histórica, ex-capital das Alagoas, às margens da lagoa Manguaba e pertinho de Maceió, feliz que nem mosquito em pereba pelo sucesso dessa iniciativa do escritor alagoano Carlito Lima, secretário de Cultura da cidade.

Alguns momentos dessa Flimar foram marcantes para mim: a palestra intimista e sedutora de Ignácio de Loyola Brandão sobre a arte de escrever; o encontro com Antônio Torres a aliciar o público para a crônica e a poesia; o reencontro com o poeta José Inácio Vieira de Melo (autor dessa jóia de poema, conciso e denso: “Perdido sem lua nem uivo / para mim só tem um caminho: / riscar esporas no vazio.”) e com amigos queridos como Luiz Berto e Maurício Melo junior; o conhecimento da obra instigante do contista Ovídio Poli Junior (“Sobre Homens e Bestas”); as notícias de Ricardo Oiticica, pesquisador/provocador da melhor estirpe); o papo com o escritor e blogueiro alagoano Geraldo Majella; o contato imediato com os argentinos José e Adriana Ruiz.
Caso à parte, a comovente conferência da poeta e contista Marina Colasanti, uma lição de amor pela leitura, bela e contagiante. Esbanjando vitalidade, elegância e beleza do alto dos seus 72 vívidos anos, essa ítalo-brasileira de olhos azuis e fala suave encantou durante uma hora a platéia esfomeada devido ao atraso sucessivo em mesas anteriores que empurraram sua conferência para o horário do almoço, discorrendo com espantosa fluidez sobre a importância da Literatura para a (sua) Vida, magnetizando a atenção do público.

A partir da célebre frase de Michelangelo, ao ser indagado como esculpia cavalos tão perfeitos (“É só tirar do mármore, com o cinzel, tudo que não for cavalo”), Marina se indaga do que sobraria de sua formação humana e intelectual se se retirassem os contos de fadas, os romances de cavalaria, o “Tesouro da Juventude”, os poemas homéricos, “Os Três Mosqueteiros”, “Dom Quixote”, os grandes romancistas russos e franceses, os poetas chineses, uma sucessão de obras e autores que, em muitos pontos, convergia com as nossas vivências, numa narrativa que vai perpassando todos os momentos importantes da sua existência, até nos envolver completamente e fazer com que respondamos à pergunta (o que sobraria?) de forma clara e inequívoca. Uma maravilha!

Da redação com http://linaldoguedes.blog.uol.com.br/

Dica de Blog

Blog coordenado pelo poeta Félix Maranganha vale a pena ser visitado. http://www.assassinador.blogspot.com/

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A Tv Cidade João Pessoa voltou

A Tv Cidade João Pessoa, órgão vinculado e subordinado funcionalmente a Secretaria da Comunicação Social e Secretaria de Educação, Cultura e Esportes,podendo ser sintonizado através do canal 8 da Net TV, voltou ao ar recentemente.
Em sua grade de programação literatura, dança, música e uma série promovida pelo Banco do Nordeste cujo foco é a cultura Nordestina.
Em sua primeira temporada no ar, a TCJP exibia dois programas direcionados ao público interessado em literatura. O livro aberto, apresentado por Petra Ramalho e O quadro a quadro apresentado por Archidy Picado Filho.
No Livro aberto, Petra lançou uma série de entrevistas com autores paraibanos, com destaque ao grande poeta Vanildo Brito. Já no Quadro a quadro, programa direcionado a histórias em quadrinho, Archidy encontrou uma fórmula bem interessante de abordar o assunto.
Bem, a TVCJP voltou e com ela uma nova opção de divulgação de nossa arte e nossa gente.
Espero que os programas Livro aberto e Quadro a quadro também voltem a figurar entre excelente programação da TCJP.

domingo, 5 de setembro de 2010

Poema de Ariano Suassuna

Lápide

Com tema de Virgílio, o Latino,
e de Lino Pedra-Azul, o Sertanejo


Quando eu morrer, não soltem meu Cavalo
nas pedras do meu Pasto incendiado:
fustiguem-lhe seu Dorso alardeado,
com a Espora de ouro, até matá-lo.

Um dos meus filhos deve cavalgá-lo
numa Sela de couro esverdeado,
que arraste pelo Chão pedroso e pardo
chapas de Cobre, sinos e badalos.

Assim, com o Raio e o cobre percutido,
tropel de cascos, sangue do Castanho,
talvez se finja o som de Ouro fundido

que, em vão – Sangue insensato e vagabundo —
tentei forjar, no meu Cantar estranho,
à tez da minha Fera e ao Sol do Mundo!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Prêmios Jabuti e Portugal Telecom anunciam finalistas

Dois dos principais prêmios literários anunciaram seus finalistas. Ontem pela manhã, na Câmara Brasileira do Livro, foram conhecidos os 10 títulos em cada uma das 21 categorias que concorrem ao 52º Prêmio Jabuti. E, na noite de terça-feira, saiu a lista dos 10 livros que concorrem ao 8º Prêmio Portugal Telecom.

Na comparação entre os todos os finalistas, cinco autores saíram com indicação nos dois prêmios: Chico Buarque de Holanda com "Leite Derramado", Carlos de Britto Mello com "A Passagem Tensa dos Corpos", Bernardo Carvalho com "O Filho da Mãe", Rodrigo Lacerda com "Outra Vida", entre os romances, além de "Lar", livro de poesia de Armando Freitas Filho.

Com um número recorde de inscritos (2.867 livros), o Jabuti privilegiou tanto nomes de autores conhecidos, como Luis Fernando Verissimo ("Os Espiões") e João Ubaldo Ribeiro ("O Albatroz Azul"), como também de jovens talentos - é o caso da gaúcha Carol Bensimon e seu "Sinuca Embaixo d?Água". A lista de romances contou também com um título já premiado este ano: "Se Eu Fechar os Olhos Agora", de Edney Silvestre, vencedor na categoria estreante do Prêmio São Paulo de Literatura. Com isso, ele faturou R$ 200 mil. Curiosamente, o ganhador entre os veteranos, "A Minha Alma É Irmã de Deus", de Raimundo Carrero, não se classificou entre os finalistas. Os vencedores do Jabuti serão anunciados no dia 4 de novembro, quando cada um receberá R$ 3 mil.

Anteontem, antes do anúncio do Portugal Telecom, a coordenadora da curadoria, Selma Caetano, afirmou que, diferentemente da edição anterior, nesta não houve nenhuma unanimidade do júri na avaliação das obras concorrentes - tanto que, das 54 semifinalistas, 38 tiveram voto de ao menos 1 dos 11 jurados.

A Companhia das Letras emplacou seis dos dez livros que vão à final, incluindo os dois únicos de não-brasileiros, "Caim", do português José Saramago (1922- 2010), e "AvóDezanove e o Segredo do Soviético", do angolano Ondjaki. Entre os títulos de brasileiros, a editora teve selecionados "A Passagem Tensa dos Corpos", de Carlos de Brito Mello, "Lar", de Armando Freitas Filho, "O Filho da Mãe", de Bernardo Carvalho, e "Leite Derramado", de Chico Buarque.

Da Objetiva/Alfaguara, concorrem aos prêmios de R$ 100 mil (1.º colocado), R$ 35 mil (2.º) e R$ 15 mil (3.º) "Outra Vida", de Rodrigo Lacerda, e "Pornopopeia", de Reinaldo Moraes. "Olhos Secos" (Rocco), de Bernardo Ajzenberg, e "Monodrama" (7Letras), de Carlito Azevedo, completam a lista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Isabel Allende ganha Prêmio Nacional de Literatura no Chile

A romancista Isabel Allende foi premiada nesta quinta, 2, com o Prêmio Nacional de Literatura 2010 no Chile, anunciou o ministro da Educação, Joaquín Lavín. Segundo Lavín, o jurado levou em conta que Isabel "foi reconhecida com várias distinções e tem revalorizado o papel do leitor".
EFE/Random House
EFE/Random House
Isabel Allende, a quarta vencedora do prêmio chileno

"É sem dúvida o prêmio mais importante" que recebi em minha carreira", disse a autora falando por telefone de sua residência em San Rafael, ao norte de São Francisco, na Califórnia. Disse que chegou a chorar" ao receber a notícia e admitiu que "nunca" esperou receber tal prêmio.

Nascida en 1942, Isabel é a quarta mulher a conquistar o prêmio, que é entregue a cada dois anos, depois de Gabriela Mistral (1951), Marta Brunet (1961) e Marcela Paz (1982).

A autora de A Casa dos Espíritos, De Amor e de Sombra, Paula, entre outros livros que venderam 55 milhões de exemplares em todo o mundo, visitará seu país dentro de duas semanas para participar dos festejos pelo bicentenário na independência nacional, segundo a jornalista Delia Vergara que é grande amiga de Isabel e quem promoveu sua candidatura ao Prêmio Nacional de Literatura.

Por meio de uma videoconferência, a escritora agradeceu o prêmio, que além de um valor em dinheiro lhe dá uma pensão vitalícia do estado, e aproveitou para mandar "um abraço grande" aos 33 mineiros que estão a 700 metros de profundidade em uma mina de ouro e cobre no norte do país.

Dica de Blog

Blog com poemas de Beto Menezes:
http://betomenezes.tumblr.com/

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Jairo Cézar - o Poeta do Ônibus

Interessante como existem textos que surgem diante de nós sem que percebamos isso. Em meados de 1999, na UFPB, entrando em letras, eu, que ainda era um jovem mané e desconfiado do interior, conheci o poeta Jairo Cézar. Ele tinha uns versos para mostrar que, a princípio, gostamos, mas era só uma brincadeira. Com o tempo, criamos um jornal literário na universidade para postar nossas opiniões literárias, e mais ou menos o que pensávamos da arte. Ali, naquele jornalzinho, vi os primeiros versos de Escritos no Ônibus saltarem para o mundo público. Não demorou muito, e tivemos contato com gente de renome na poesia e na literatura, como Sérgio de Castro Pinto, Astier Basílio, Linaldo Guedes Aquino e Arturo Gouveia. Logo fui convidado por ele para escrever o prefácio de seu livro. Inicialmente era proposto fazê-lo como livro artesanal, ou produção independente em uma gráfica, mas, em 2007, inscrevendo-o em um concurso da Funjope, Jairo ganhou a publicação, ao lado de Archidy Picado Filho. O livro só saiu agora em 2010, mas valeu à pena o esforço e a espera. E com meu prefácio nele!!!!!! [risos].

Como ainda não li Archidy completo, optarei pelo silêncio, ficarei com a crítica somente sobre o cabra de Sapé. Nascido em espírito na cidade onde o poeta Augusto dos Anjos nasceu em corpo, Sapé, Jairo Cézar logo nas primeiras linhas de seus poemas apresentava um estilo similar ao de Augusto dos Anjos, com uma linguagem marcante, escatológica e satírico-pessimista. Por outro lado, Jairo começava a misturá-lo com algo próprio, num usar das palavras que o fazia marxista, materialista, espiritual e completamente engajado em termos de política, história e cultura. Jairo é panfletário? É, sim senhor! Mas não há nada de errado em ser panfletário. Outros autores com quem cheguei a entrar em contato, alguns até com livros publicados, não são poetas, mas apenas escritores. Pessoas que já li, como escritores dos ramos de fantasia, policial e ficção científica no Brasil, são apenas escritores, distantes que estão de serem poetas. Alguns que escrevem bem até consideram o panfletarismo maléfico para a literatura, como um escritor e crítico dono de comunidades de Orkut, mas é assunto para uma outra postagem aqui. Assim como você escreve uma carta, uma resposta numa prova ou o próprio nome, esses escritores escrevem contos. Querem ganhar público e participar da mídia, não fazer arte (isso também assunto já de outras postagens aqui).

Não é o que acontece com o poeta paraibano, pois sua preocupação é escrever versos, e fazer poesia. Por isso resolvi reler os poemas dele, e dessa vez em livro publicado, e percebi que algo mudou. Não somente a ordem dos poemas influi na interpretação dos mesmos, como também a idade em que os lemos. Quando li O Capital pela primeira vez, no jornalzinho Os Renegados, tinha um espírito mais politizado e engajado, e interpretei como um manifesto político, uma profissão de fé de um poeta. Hoje, relendo, a idade me obrigou a interpretá-lo de outra forma, como um pedaço das angústias de um poeta à procura de sua inspiração num mundo capitalista. Ao ler Baba concreta n'Os Renegados, entendi uma revolta à forma como Amador Ribeiro Neto entendia a poesia. Hoje, não consigo deixar de conceber ali uma homenagem.

Jairo consegue mesclar duas coisas que são essenciais na poesia, e que acho bastante caras quando me deparo com as músicas das massas. Ele é simples de entender, mas profundo em deixar marcas. Como eu e alguns outros membros d'Os Renegados, Jairo veio do interior, e teve contato com poetas não canônicos da poesia oral desde cedo. Não só Augusto dos Anjos tornou-se seu mestre lírico, como também Zé Limeira, Zé da Luz, Zé Laurentino, Chico Pedrosa, Leandro Gomes de Barros e muitos outros. Daí podermos observar nele poemas como Latifundiário que utiliza-se de um acróstico, recurso muito usado por poetas orais e cordelistas. Isso explica coisas como o Pseudo-Poeta Ecumênico:

Ah! Se soubesse eu poetar.
Poetaria não as belas coisas,
Mas as mazelas, as pestes e as doenças.
Musicaria dissabores, tristezas e as crenças
Mais esdrúxulas e as dores mais intensas.

Em minha lira caberiam só feiúras.
Ódio, rancor, traição e sem candura
Versificaria os filhos do horror, dos estupros
E da'margura.

Poria em rima todo corpo putrefato
Que se encontra no universo.
E uma vez meu livro aberto,
Libertar-se-ia toda podridão que já é fato.

Metrificaria o imetrificado.
Toda bruxaria, transgressão e o pecado.
Por fim, cuspiria no amor, na beleza, no leitor
E no sagrado.

O poema acima, que por muito tempo eu chamei de Salmo Profano de Jairo me marcou profundamente. É uma profundidade conceitual grande que não observei em outros poetas locais, e muito menos em escritores de outras regiões como São Paulo e Rio de Janeiro. Jairo, desde sempre, nunca preocupou-se em conquistar um público-alvo, ele só mirou em externar suas angústias, tanto que nunca aprendeu a metrificar um verso, e o único soneto quase perfeito dele que já li na vida veio depois de quase um ano de esforço. Mesmo assim, ele demonstrou possui domínio em algo ainda melhor que a métrica, que a forma: ele consegue dominar palavras, como um vaqueiro que domina um burro-mulo brabo com cabresto e pulso firme.

FONTE: http://www.assassinador.blogspot.com/

Literatura na TV SENADO

Apresentado pelo jornalista Maurício Melo Júnior, o programa Leituras é o espaço dedicado à análise e à divulgação da literatura brasileira. Na primeira parte do programa é veiculada uma entrevista com um escritor ou com um especialista, sempre abordando assuntos literários. Com isso, são debatidos os vários aspectos da literatura, abrindo-se espaço para todas as correntes criativas. Em um segundo momento são analisadas obras atuais, procurando formar um juízo de valor que ressalte as qualidades reais e os possíveis equívocos dos textos em questão.
Em uma linguagem ágil e acessível, o Leituras desmitifica a criação literária, destacando-a como uma atividade humana rica e desprovida de mistérios.

O programa vai ao ar aos domingos em vários horários com reprise durante a semana.

Poema de Augusto dos Anjos

A ÁRVORE DA SERRA


- As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minha alma!...
- Disse - e ajoelhou-se, numa rogativa:
"Não mate a árvore, pai, para que eu viva!"
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!

Vi no blog de Linaldo Guedes

A peleja dos poetas

O caso explodiu como uma bomba nos twitters da vida.

E partiu do poeta Astier Basílio.

Ele denunciou em seu twitter que seu nome teria sido vetado para participar do evento Agosto das Letras, promovido pela prefeitura municipal de João Pessoa através da Funjope.

Censura ou apenas critérios de escolha?

Bem, o blogue se preocupou em ouvir os dois lados da questão e reproduz abaixo entrevistas feitas com os principais personagens de mais este moído em nossa cena cultural: Astier Basílio, o denunciante, e André Ricardo Aguiar, diretor da Divisão de Literatura da Funjope e responsável pelo evento.

Confiram:

5 perguntas para Astier Basílio

Com base em que você diz que foi censurado no evento Agosto das Letras este ano?
Pela declaração dada a mim pelo cordenador de literatura da Funjope. Às vésperas do evento, encontrei com ele pessoalmente, e perguntei sobre a participação na minha mesa. É que pelo mesmo período eu fui convidado pelo Festival A Letra e a Voz de Recife. Perguntei de minha participação e fui informado de que houve “problemas administrativos” que não puderam ser compatibilizados. Não entendi o significado e, então, perguntei se tinha havido algum veto ao meu nome. O coordenador de literatura confirmou o veto e disse que alguém da Funjope, sem me nomear quem tinha sido, foi o responsável por tal medida. Toda informação me foi passada pela coordenação de literatura da Funjope.

Você acha que isso ainda pode ser rescaldo daquela confusão envolvendo seu nome e a Funjope envolvendo o Prêmio Lúcio Lins?
Ainda de acordo com o coordenador de literatura, na mesma conversa que tive pessoalmente, às vésperas do evento, o veto se fundamentaria devido, sim, ao que aconteceu em 2008, no Prêmio Lúcio Lins. O coordenador, inclusive, disse que “por enquanto” meu nome estaria vetado, mas que esta situação tenderia ser mudada futuramente.

Você chegou a falar com o presidente da Funjope, Chico César, sobre essa “censura”?
Enviei um e-mail na sexta-feira para o presidente da Funjope e até o momento não recebi resposta.

Que providências você pretende adotar, caso se confirme a censura?
Lamentar. Lamentar que haja esse tipo de procedimento em uma instituição pública e cultural.

Que avaliação você faz desse episódio?
Que por mais que o tempo passe, a Paraíba dá a impressão de não ter saído de 1930.


5 perguntas para André Ricardo Aguiar

O poeta Astier Basílio disse em seu twitter que foi censurado no Agosto das Letras. O que você tem a dizer sobre o assunto?
O Astier Basílio não foi censurado simplesmente porque não recebeu convite formal para participar das mesas do Agosto das Letras. Evidentemente que seria bem-vindo tanto a intregrar o evento, que é público e que interessa a todos nós, como a participar das mesas como ouvinte, como tantos escritores fizeram. Acho que, lamentavelmente, ele confundiu o evento com Antologia ou Censo dos Poetas. Eventos não comportam toda a riqueza da nossa atual literatura paraibana através de uma lista exaustiva de todos os nomes. Interessante que só Astier levantou a grita, porque nomes como Águia Mendes, Assunção, Lau Siqueira, Abrahão Cost’Andrade também não foram chamados e nem sequer se sentiram ofendidos.

Que critérios foram utilizados na definição dos nomes convidados para participar do evento?
Não existiram critérios de seleção, porque não era concurso público. Montar mesas junto com determinados temas e com poucos espaços e tempo reduzidos inevitavelmente reduziria o número de participantes. Foram escolhas minhas, pensadas como qualquer organizador faria: nomes que (a exemplo de Astier) sempre tem algo a dizer e que, trazidos à baila, não precisaram de critérios competitivos. Mesas redondas, repito, não é licitação, nem competição de méritos. São escolhas e como tais, também trazem, infelizmente, um recorte. Todos os poetas paraibanos, todos os teatrólogos, todos os romancistas não podem, pelas leis da física, estar num evento ao mesmo tempo. A escolha foi minha e os nomes foram aparecendo, sem detrimento de qualidade. Outros eventos e outros convites aparecerão, contemplando os que não puderam integrar o Agosto.

O presidente da Funjope, Chico César, chegou a sugerir ou vetar nomes para o evento? Quais?
Chico César sugeriu nomes, como eu sugeri outros, como as pessoas que conversei sugeriram outros e outros, em caráter espontâneo, embora com responsabilidade (e não de assessoria informal). Sugerir não é demérito. Sugerir por pessoas que entendem o panorama literário é muito bem-vindo. Não houve, portanto, NENHUM VETO, muito menos da parte de Chico César, artista esclarecido e que em questões de cultura é humanamente universal – e qualquer insinuação de tal ordem me parece manipulação abusiva.

Como foi organizar um evento como este?
Como se pode ver, não é fácil. As vaidades feridas parecem ver chifre em cabeça de cavalo – quando na verdade, há sim, muito suor e tentativa de fazer o melhor possível.

Que avaliação você faz desse episódio?
O episódio me parece tolo, muito fermento para pouco bolo, construído por retórica vazia para preencher algo aquém da literatura. Mas como não vivo de politicagem literária – embora conheça tantas – continuo com minha postura de nem dar muita atenção e continuar com a consciência tranquila.

Dica de Blog

Indico visita ao Blog da amiga poetisa Mirtes Waleska. Mirtes é de Boqueirão e coordenou a I FLIBO.
Visitem: http://coletivoculturalpb.blogspot.com/