terça-feira, 10 de maio de 2011

O livro, o medo e o leitor







Havia um costume muito curioso nas cidades do interior até os anos 80. Os grandes coronéis, ou o que restou deles, mantinham em sua casa uma biblioteca que também era usada como escritório para reuniões sobre os mais variados assuntos, menos livros e literatura.

Os livros eram enfileirados como soldados prontos para uma guerra. Coleções e mais coleções ordenadas por número e dégradé de cores. Uma coisa linda de se ver e admirar. Até aí, tudo bem. O problema era que o livro era tratado como objeto de decoração, coisa que não devia ser tocada por mãos humanas, com  exceção as da faxineira, é claro.

O fato é que de certa forma, este costume ainda permeia nossa sociedade. Não temos mais tantos escritórios ou bibliotecas nas casas de pessoas ricas ou até mesmo pobres, mas ainda há alguns livros. E, como no passado, não é permitido tocar em nada.

Como pai e poeta, sinto-me na obrigação de contribuir com a formação de novos leitores. E começo em casa. A foto acima foi tirada por mim, enquanto minha Filha Beatriz, de apenas 10 meses lia seu exemplar de O Boi Pastando nas Nuvens de Águia Mendes. Além do Boi, ela tem cerca de 20 livros, inclusive, um de plástico para ela por na boca e ter mais liberdade ainda. Permito que ela toque o livro, amasse, enfim, crie uma relação de intimidade com ele.

Acredito que nas escolas deveria ser assim. Crianças pegando no livro sem medo ou cuidado. Perderemos alguns exemplares, é verdade, no entanto ganharemos leitores. E seguindo esta equação, acho que a sociedade ganharia muito. Não custa nada tentar.


3 comentários:

  1. No Rio já foi moda pessoas ricas (e sem cultura) comprarem livros a metro, para decorar estantes... O que importava era que a encadernação fosse bela, para mostrar aos outros o que não se lê. Tomara que a moda tenha acabado. E que a Beatriz vire uma ávida leitora...

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  2. belo texto, jairo. e parabéns pela preocupação com a leitura da filhinha. abraços

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  3. Cara Maíra, eu conheço gente que ainda faz isso, viu? Mas ainda bem que está acabando. Com relação a minha Beatriz, estou tentando. rs
    abraço

    Linaldo, um elogio vindo de você, que é um dos melhores textos da Paraíba, fico até sem graça.
    abraço, poeta.

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