quinta-feira, 24 de março de 2011

Uma coisa puxa a outra

 Socializo e-mail enviado pelo poeta Lau Siqueira sobre a cadeia produtiva do livro.
Particularmente, concordo com as observações do poeta e acho que os autores devem refletir sobre isso. 
 
Por Lau Siqueira

 
Sabe o que eu acho lamentável na discussão sobre o livro e a leitura? A fragmentação do debate. Cada segmento defende o seu interesse específico, me parece, sem procurar compreender o todo. Quando se trata de vislumbrar o que não é espelho (é que narciso acha feio o que não é espelho) há um retrocesso. Por exemplo, o autor é o começo da cadeia produtiva do livro e, geralmente, fica banido do debate. Logicamente que também por culpa dos próprios autores que acham isso uma bobagem, porque acham que a única procupação deve ser estética. Tudo bem, mas Monteiro Lobato não pensava assim e nem por isso sua literatura ficou diminuída. Muito pelo contrário. . E mais: acho que nao basta defender o livro. Temos que defender a LITERATURA. E defender LITERATURA DE QUALIDADE.  Devemos defender a literatura contemporânea porque ela que vai garantir o avanço, a permanência desse processo. Antônio Cândido disse que a literatura é um dos direitos humanos. E eu creio. Roland Barthes, disse que a literatura contém muitos saberes. E eu creio. Por exemplo, não se pode compreender a história do Rio Grande do Sul, sem ler Érico veríssimo. No entanto, fiquei traumatizado, em Fortaleza, quando a pessoa responsável pela Política do Livro e da Leitura no MinC, José Castilho, foi seco e reduziu o debate quando levantei essa questão e citei o Movimento Literatura Urgente, do qual faço parte. Ou seja: livreiros defendendo o direito único de vender para o Estado? Tudo bem, mas não é só isso. Isso se dá através de concorrência pública. Tem uma regência de leis aí. Bibliotecários defendendo questões corporativas? Tudo bem, mas também devem mirar mais longe. O Bibliotecário é um profissional chave para esse processo. Não é possível, penso, discutir política para o livro e para a leitura, sem discutir o mercado, sem discutir política pública, sem discutir direitos autorais, sem discutir respeito à produção contemporânea, sem discutir respeito ao leitor... e respeitar o leitor significa qualificar o debate, qualificar a produção, qualificar os profissionais da área, democratizar o acesos ao livro... desprender o autor do próprio umbigo. Como disse susan Sontag: "precisamos ouvir mais, ver mais, sentir mais". Enfim... não dá pra não conceber um espírito crítico nesse debate. Fui convidado e dia 28 de abril estaria com o poeta Ademir Assunção e um representante do MinC, em Porto alegre, no FestPoa Literária, para debater esse assunto. Infelizmente coincidiu com o dia da cirurgia da minha filha e eu cancelei. Mas, esse debate está posto e só vai avançar se as pessoas se dispuserem a despregar os interesses do próprio umbigo. Se não nos perdermos em questões menores. O Fundo do Livro e da Leitura ainda está por ser criado. Enfim... sigamos em frente. Tem chão aí. A Paraíba está vivendo uma efervescência interessante. Estamos na luta!
abraços!
Lau

`PS. Escrevi um artigo, A DISTÂNCIA ENTRE AUTOR E LEITOR NA CADEIA PRODUTIVA DO LIVRO. Foi publicado no Jornal A União, no Contraponto, no Portal do Nassif e está aqui, na minha coluna do Portal cronópios, para quem quiser ler e discutir: http://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id=4944

Nenhum comentário:

Postar um comentário