sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Poema de Celso Japiassu

Aurora

Dormi entre assassinos,
juntei minha voz ao coro dos mendigos.
 Ouvi o agouro das aves
prenunciando a náusea.

Em pleno verão, entoei a musica do inverno
e mergulhei no assombro.
Nenhum disfarce encobriu a voz
que anunciava o grito.

Aurora lancinante aspergia a escuridão
de uma noite eterna, absoluta.
Pássaros grasnaram o anúncio
de horror e fome.

Nossos estigmas traduziam
a face da doença - a dor
de sonhos massacrados -
                   a dor.

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