quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Despoemas por Joedson Adriano


DESPOEMAS, mais poesia em prosa
Joedson Adriano

Começo com o melhor dos elogios a um livro: Despoemas é poesia. Parece estranho elogio, pois milhares de livros se dizem poesia, mas não são em maioria. Esta acha que é, talvez porque, em geral, está em verso, forma que eu considero superior à prosa e que se tornou sinônimo de poesia pelo uso, mas que não a garante, eu garanto. E garanto que Betomenezes faz, em prosa, poesia. Insistentemente em prosa, e poesia de qualidade nos seus romances e contos e aqui, onde mais explícito no seu projeto de ser, em prosa, um poeta, se tornou mais lírico. Entanto sem deixar a narrativa, o épico. Etapa especial no projeto, Despoemas nos é um fato novo, a dialogar com seus pares versadores do presente, transformando-o, mas que se liga a mestres do passado, continuando-o, poetas prosadores e prosadores poetas. Beto coloca em prosa temática de verso. E Despoemas é um poema de poemas, narrativo, alegórico, formalmente em unidade, com algumas ideias que guiam todo o poema, que estão por todo o poema: as transformações, a efemeridade, nascimento, crescimento e morte, a mudança, sendo esta na vida a única constância. E há em Despoemas um conjunto de poemas. Alguns ajuntamentos podem possuir qualidade, mas um conjunto mostra mais a força do poeta. Neste são dez apenas, mas Beto não é avaro; São poemas, repletos da velha metáfora, exagerados com novas e inusitadas metáforas; símbolos e imagens que em prosa utilizam, repetidamente, jogos de palavras, trocadilhos, inversões, paralelismos sintáticos e semânticos, inúmeros recursos sonoros, como rimas e aliterações, usados mais comumente em verso. Dez poemas em prosa, impura poesia, que constituem um único em forma e em temas. Inspirados em versos, tirando destes ideias e imagens e muito do seu vocabulário. Nem todos acertam, mas o saldo positivo. E a intertextualidade não se limita aos poetas paraibanos, se amplia na cultura de massa, na música popular; em algumas referências à mitologia e às artes plásticas, literatura erudita e ciência. Desta, o também físico, diz sempre que deseja rigor, já da poesia, vigor. Entretanto à frase eu acrescento: e vice-versa; porque vejo vigor e rigor em sua poesia. Conseguindo o autor, sucesso no seu projeto em prosa: é um poeta. 

4 comentários:

  1. Bom texto. Betomenezes é o cara do Caixa Baixa.
    Parabéns a ele pelo sucesso de 2011.

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  2. Jairo Cézar,
    2011 me proporcionou a oportunidade de conhecer este espaço bastante especial. Que a sensibilidade que se "vê" aqui transborde para 2012.
    Grande abraço.
    Gilson.

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  3. Caro Gilson,
    fico muito feliz com suas palavras.
    Saúde, paz e muitas viagens agradáveis para 2012.
    abraço
    jairo

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