sábado, 21 de janeiro de 2012

Qual o futuro dos livros de papel? E, por consequência, das editoras e livrarias?

Por André D'Angelo

Volta e meia leio declarações de livreiros, escritores ou bibliófilos dizendo que “o livro de papel nunca vai acabar”. Eu não teria tanta certeza. Entendo perfeitamente que quem se acostumou a ler no formato impresso tenha dificuldade para se adaptar ao formato digital – eu mesmo me enquadro nesse grupo. Tendemos a imaginar que nosso desconforto é compartilhado por um número grande de pessoas, suficientes para sustentar o mercado do produto em papel, o que até é verdade atualmente.

geracao-tablet-350No entanto, parodiando Keynes, a geração de leitores da qual fazemos parte estará morta no longo-prazo - e será sucedida por outra que terá aprendido a ler em gagdets digitais. Nada mais representativo disso do que o vídeo da menininha de 2 anos decepcionando-se com um livro, por ele não ter “tela” sensível ao toque como um tablet...

Mas o que será de todo o mercado que gira em torno do livro de papel quando a substituição completa pelo digital acontecer? Ou, por outra: é possível tornar rentáveis negócios “livro-dependentes” durante esse período de transição do papel ao eletrônico?

Alguns exemplos indicam que sim. E as palavras “adaptação” e “criatividade”, por mais clichês que pareçam, são as mais indicadas para defini-las.

Adaptação foi o que fizeram as grandes redes de livraria. Não tiveram muitos pruridos de deixar de vender apenas livros para comercializar, também, CDs, DVDs, papelaria e informática. E não é de duvidar que aumentem o mix de produtos nos próximos anos; a Saraiva, por exemplo, já ensaia se tornar uma supervarejista online, comercializando (quase) de tudo.

Mas e as pequenas lojas? Aquelas especializadas – em livros médicos, por exemplo –, têm mais chance de resistir, ao menos em tese. Mas mesmo para as que têm um mix mais convencional, há chances de diferenciação. Daí entra o quesito “criatividade”. Nos EUA, algumas lojas têm vendido produtos relacionados ao tema de seus livros, em prateleiras contíguas. Assim, publicações sobre jardinagem são acompanhadas de vasos e pás; livros de culinária, de apetrechos de cozinha; e assim por diante.

Outras têm promovido encontros-relâmpago entre apreciadores de literatura em suas lojas – uma forma de atrair pessoas com interesse afins (leitura e namoro) e gerar tráfego no ponto-de-venda.

E quanto às editoras? Talvez demore para isso acontecer, mas creio que o livro de papel vai se tornar um produto premium, de pequena escala e preço elevado – mais ou menos o que aconteceu com o disco de vinil, recentemente.

Nesse aspecto, a editora indiana Tara Books parece ser um bom benchmark. Especializada em livros impressos à mão, repletos de ilustrações coloridas e de acabamento refinado, a casa não faz mais de 5.000 exemplares de cada obra. No Brasil, as editoras que importam os livros da Tara, geralmente de temática infantil, vendem por R$ 50,00 a R$ 65,00 obras com no máximo 45 páginas – preço bem salgado para os padrões nacionais. Mais até do que para ler, algo para presentear, guardar e colecionar.

A transição do papel para o eletrônico não se fará sem vítimas, sabemos disso. Muitos negócios sucumbirão, mas outros tantos deverão surgir ou se fortalecer – como em todo ciclo de vida das tecnologias. 
 
 

5 comentários:

  1. É, as editoras terão que se adaptar (as grandes já estão fazendo isso), eu acho o máximo os e-books e olha que antes eu era super tradicional e defensora dos livros de papel...era uma quadrada na verdade. O livro digital tem mil vantagens, deixamos de ocupar espaço em casa, a facilidade de levar um e-reader super leve pra todos os lugares, é mais barato, nao pagamos frete, é só fazer o download e está resolvido, nao tem mofo nem ácaros, vc pode levar mais de mil livros com vc na bolsa, mas nenhuma dessas vantagens chegam perto da principal: a ecológica, deixar de derrubar árvores, florestas, pra fazer papel.
    Abraços!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. é uma boa discussão, fernanda. Ainda sou quadrado. rsrsr O prazer de passar as páginas é o máximo pra mim. Mas entendo e aceito teus argumentos. O tempo passa e as coisas mudam, quer queiramos ou não.
      abraço

      Excluir
  2. O livro ainda é o meio ideal para aprender Não pecisa de eletricidade, e pode riscar à vontade(UMBERTO ECO). A internet não seleciona informações - é uma SELVA e PERIGOSA. A internet não tem filtragem de informação, tudo surge lá sem hierarquia, as vezes sinto que as coisas que circulam por lá é pior que a FALTA de INFORMAÇÃO...abraço fraterno FatinhaPessoa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O livro ainda é o meio ideal para aprender Não pecisa de eletricidade, e pode riscar à vontade(UMBERTO ECO). A internet não seleciona informações - é uma SELVA e PERIGOSA. A internet não tem filtragem de informação, tudo surge lá sem hierarquia, as vezes sinto que as coisas que circulam por lá é pior que a FALTA de INFORMAÇÃO...abraço fraterno FatinhaPessoa

      Excluir
    2. Cara Fátima,
      seja bem-vinda ao ônibus. Vejo que como eu, vc é uma amante do livro de papel. Todavia, as mudanças estão acontecendo e, de certa forma, a internet é uma bala que não retornará ao tambor do revólver.
      abraço

      Excluir