sábado, 24 de novembro de 2012

crônica de Mabel Amorim


Como surge um rei



Só mesmo uma cidade chamada Três Corações poderia ser o berço de um atleta da grandeza de Pelé. Para quem teve o privilégio de acompanhar sua carreira no futebol brasileiro, um coração parecia pouco para viver momentos de intensa emoção e alegria, começando por ver um garoto de 17 anos chorando no ombro do jogador Didi após a vitória do Brasil contra a Suécia, na final da Copa de 1958.
O Brasil amargava as derrotas nas duas copas anteriores. Depois de um empate na partida anterior, o técnico brasileiro Vicente Feola substituiu Joel, Mazola e Dino Sani por Pelé, Garrincha e Zito: um menino, um anjo de pernas tortas e um guerreiro. Iniciava-se ali a história de um mito.
Naquele jogo a Seleção Canarinho vestia o uniforme azul e, talvez por ser essa a cor associada à realeza – uma alusão ao sangue azul – o jovem Pelé se sentiu bem à vontade para jogar diante de Gustavo VI, rei da Suécia. Tão à vontade que fez dois dos cinco gols que levaram o Brasil a vencer sua primeira Copa do Mundo.
Ao entregar a taça de campeão nas mãos de Bellini, capitão da Seleção Brasileira, Sua Majestade ainda não sabia que ali, naquele grupo, nascia para o mundo um novo monarca, cujo título não recebeu por herança, mas por consagração.
O Brasil começava a escrever seu nome no Campeonato Mundial, brilhava incandescente a primeira das cinco estrelas que viriam a compor o firmamento do futebol do nosso país. Pelé participou de mais duas dessas conquistas, registrando para a posteridade a trajetória de um atleta ímpar, brilhante.
Eleito “O Atleta do Século”, cidadão do mundo, reverenciado onde quer que vá, o homem Edison tornou-se o incomparável, insubstituível, inesquecível Rei Pelé. E como cada época tem suas peculiaridades que propiciam o surgimento de suas grandezas, o nome de Pelé segue eternizado, intrinsecamente ligado à história do esporte do século XX.

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