sexta-feira, 10 de maio de 2013

José Inácio Vieira de Melo no ônibus com Pedra só


Caligrafias


I

Na poeira de um tempo impreciso,
as histórias do silêncio,
ninhadas de signos sem tradução.

Silêncio na carne.
Silêncio que sente a areia passar.
Tempo para a solidão do poema.

Cultivamos os nomes.
Criamos semblante para cada nome.
Para mostrar nossos nós – a palavra.

Com os olhos marejados
a vertigem cresce:
suas roupas são de luz e de som.

O pasmo nos sobressalta
e gozamos de tudo.


II

A poesia de um tempo sem siso
e sua estranha ninhada de histórias
das entranhas do silêncio.

Nosso heroísmo é trágico
e as parcas são infinitas.

Temos apenas a ilusão das coisas
e o caminho é irreversível.

Retornar – apenas para o Nome,
para o ser que não tem nome.

Nenhum comentário:

Postar um comentário