quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Affonso Romano de Sant'Anna no ônibus



Toda manhã a barba
cresce sobre a face
da terra e do homem
pedindo o orvalho
                            – e a navalha.
Presto, acordo a lâmina
e deslizo um óleo santo
sobre o imolado rosto da manhã.

Do chuveiro escorre a água
sobre as partes circundadas pela mão
alegre. Os poros se aliviam
descendo brancas bolhas perna abaixo.

É o banho: ritual aquático e diário
Daquele que se purifica e matinal
Desdobra as felpas da toalha
E sai ungido em veste pura.

Te vestirei com meu suor,
Te banharei toda manhã,
Te alimparei , te cuidarei
Nas unhas e dentições .

Os teus pelos polirei,
Os teus fios cortarei
E como potro bravio
Pelos pastos crescerei.


2 comentários:

  1. Caro JAIRO,
    ou bem me engano ou a catraca da roleta
    do Ônibus comeu o R de suo(r), no primeiro verso
    da penúltima estrofe.
    Abraço, pois desço aqui.

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  2. sempre atento, nobre passageiro.
    agradeço e já está corrigido.
    abraço e obrigado, meu caro poeta!

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