sábado, 7 de julho de 2012

Corpses de Gustavo Limeira

O poema de Gustavo Limeira foi vencedor do prêmio de Melhor Poema e de Primeiro Lugar Geral no IX Festival de Poesia Encenada do SESC-PB. A brilhante defesa ficou a cargo da Cia. Nós Dois, de Nyka Barros e Flávio Lira.



um corpo funciona mais ou menos da mesma maneira que um poema.
um corpo precisa de água, luz, comida, cama, quintal.
um corpo também requer que uma mão carinho passe sobre si quando em vez.
da mesma forma o poema.
o poema precisa a luz água cama comida quintal.
o carinho, o poema chama.

assim como os corpos, quando nus,
os poemas também se deitam juntos, unos,
atravessados,
esfarelando os suspiros uns aos outros.

os homens bebem dos copos,
os poemas dos corpos,
os corpos dos homens.
a cada verso, um gole.

tal feito o poema,
os corpos se lêem uns aos outros.
se desvendam, se escrevem, se remetem e
sobretudo
se rasgam e se rabiscam. Se rascunham.

poemas lavando pratos,
corpos juntando poeira nas estantes.
poemas pagando contas,
corpos sendo roídos pelas traças.

assim como o corpo,
o poema também tem
prazo de validade:
a eternidade.

 Gustavo edita o blog versorragia.blogspot.com.br

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