sexta-feira, 8 de junho de 2012

Assunto sério para criança ler


 
Livro foi incluído na relação de obras paradidáticas de algumas escolas

No começo desta semana, a 'Rainha dos baixinhos' Xuxa confessou diante das câmeras da TV que foi abusada sexualmente quando criança. De acordo com a artista gaúcha, esse trauma lhe rendeu uma bandeira que ela ergue com sua associação e seu trabalho frente à criançada.

Em casos parecidos, pode-se encaixar o nascimento do livro infantil Segredo Segredíssimo (Geração Editorial, 32 páginas, R$ 22,00) pelas mãos da escritora Odívia Barros, a primeira obra do país a orientar crianças sobre como identificar, evitar e denunciar a prática criminosa.

“Eu sofri abuso sexual na infância e tinha muito preocupação em, de algum modo, proteger a minha filha para que ela não passasse pelo que eu passei”, confessa a autora baiana em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA.

Apaixonada por psicologia, Odívia estudou a importância do diálogo direto proporcionado pela criança através dos contos de fadas e das histórias direcionadas a tal público. O tema embaraçoso até para gente grande utiliza uma linguagem fácil (com termos como “brincadeira de adulto”) e as ilustrações da carioca Thais Linhares para mostrar o perigo, sem que seja exigido ter uma leitura acompanhada dos pais ou responsáveis.

“Não é necessário que haja uma supervisão de um adulto para que a criança apreenda as informações valiosas que o livro traz, como mostrar que existem comportamentos inapropriados de adultos”, ressalta. “No entanto, o livro também cria uma ponte de diálogo com os adultos nesse tema delicado.”

ABUSO EM NÚMEROS
 
Odívia Barros observa com entusiasmo a receptividade de Segredo Segredíssimo pelos pais e educadores. De acordo com a autora, as críticas são dirigidas ao sistema. “Apesar do importante papel social da escola, esse tema é ignorado e com isso perdemos a oportunidade de alertar as crianças do nosso país desde cedo."

A escritora frisa que em 52% dos casos, o professor é o primeiro adulto a quem a criança recorre para revelar uma situação como abuso. “Os professores devem atuar com agentes de prevenção, ensinando formas de auto-proteção e tratando do tema dentro da sala de aula de uma forma tranquila e adequada”, orienta.

“Estudos mostram que a partir dos 5 anos a criança já deve ser orientada sobre comportamentos inapropriados de adultos.”

Com a sua obra, Odívia observa que o tema poderá ser tratado nas salas de aula muito em breve. “Este ano, Segredo Segredíssimo foi incluído na lista de livros paradidáticos de algumas escolas, inclusive na cidade onde nasci e sofri o abuso”, conta. “A violência sexual é considerada um tema transversal pelo MEC.”

Para mudar o quadro no Brasil, os números ainda não são satisfatórios. A autora aponta que um estudo financiado pela Organização Panamericana da Saúde, em 1994, mostra que apenas 2% dos casos dentro da família são denunciados à polícia. “O abuso sexual afeta 15% dos 65 milhões de menores de 18 anos no Brasil, sendo que 6,5 milhões destas agressões são contra meninas.”

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