BPL com Lau Siqueira

“Eu adoro ler, mas não tenho livros. Não tenho livros em casa e nem na escola”. Essa foi a frase mais triste que ouvi na vida. Ela foi dita por uma criança que aparentava ter entre 8 e 10 anos de idade, durante uma feira literária da qual fui um dos coordenadores. Aquilo me tocou profundamente, acabou comigo. Tive ódio do mundo, depois, tive mais ódio ainda, depois chorei e só depois comecei a montar o PILE, projeto de leitura que está em execução no Gentil Lins . No início, não sabia o que fazer com minha raiva, minha revolta. O projeto me salvou. Montei o PILE chorando. Montei-o lembrando da expressão triste da menina. Ontem, dia do BPL com Lau Siqueira , pude, finalmente, ver a menina sorrir. Não, ela não estava lá. O encontro com ela foi tão forte que sequer lembro-me de seu rosto, apenas da expressão triste. Ontem vi seu sorriso e sua emoção, no rosto das mais de 200 pessoas que estavam no Gentil Lins para ver uma ação feita na, pela e para a escola. Pude ver seu sorriso no empenho de Ewerton Santos ,João Neto , Romoaldo, Fatima Azevedo . Vi seu sorriso na dedicação de Valéria, Janinne Kelly Tavares e de todos os professores envolvidos. Vi sua alegria na garra dos alunos e alunas que passaram a “morar” na escola esses dias. Vi sua emoção na paixão de todos os funcionários que fizeram hora extra sem reclamar. Vi a menina na liderança silenciosa e atuante de Kildare Freitas . Vi a menina realizando seu sonho de ler na emoção de André Ricardo Aguiar e Valeska Asfora. Vi a menina no espanto de satisfação de nossos convidados. Vi a menina quando me olhei no espelho. Eu me fiz a menina sem livros, mas que agora tem livros, amigos e parceiros.

Vivi um dos dias mais felizes de minha vida ontem. Senti-me útil, capaz e importante. Não entendam isso como empáfia, pois sei que fui apenas um dos elos da grande corrente que se fortaleceu no BPL de ontem. Sei que o que transformou o Gentil Lins foi a força de um grupo, liderado por um grande gestor. Não há como indicar uma única pessoa. Todos nós somos elementos transformadores. Que 2013 venha sem medo. A luta vai continuar!

Texto escrito no dia 28 de novembro de 2012