segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Literatura infantil : Mercado, autores e crianças



Ilustração: Veruschka Guerra-fotos: divulgação
 
Receptividade: para o autor Jairo Cézar, escrever para o público infantil é apaixonante e desafiador

"A infância é um período marcante. Escrevo para crianças porque acredito que posso permanecer por mais tempo na vida das pessoas". A frase de Jairo Cézar, autor de Rapunzel e Outros Poemas de Infância (Forma Editorial, 72 páginas, R$ 35,00) daria uma epígrafe.

O escritor, que relançou o livro no último dia 12 de outubro, na Estação Cabo Branco, em João Pessoa, é um dos jovens talentos de um gênero literário que, diferente da estatura de seu público alvo, só tem crescido no mercado editorial brasileiro.

"Para você ter uma ideia da abertura de mercado", diz Jairo, "a editora que publicou Rapunzel (a paraibana Forma Editorial) já está interessada em meu próximo projeto infantil, mas não publica meu livro adulto de poemas, que continua engavetado".

O jovem, de 35 anos, atualmente conduz uma obra em prosa baseada n'O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupery. Segundo ele, a partir de agora, só escreve para crianças: "Estou apaixonado pela literatura infantil. O retorno que se tem das crianças é algo extraordinário, muito embora, para mim, que escrevo poesia, seja muito mais complicado fazer literatura para criança do que para adultos. Existe uma linha muito tênue entre o que é lírico e o que é bobo. As crianças têm um nível de percepção muito mais aguçado do que nós autojulgamos. É um desafio muito grande ser simples sem ser simplório. Como diria um amigo meu, se simplicidade fosse fácil já teriam inventado outra letra para o 'Parabéns pra você'".

Ronaldo Monte, escritor veterano que, este ano, também resolveu se incursionar pelo gênero, concorda. Autor de A Menina de Noite (Paulus, 32 páginas, R$ 18,00), lançado em João Pessoa no mês passado, afirma que a receptividade das editoras pelo segmento tem a ver justamente com a dificuldade de achar escritores que não tratem as crianças como 'débeis mentais'.

"Há uma carência muito grande de tudo que fuja a essa coisinha bem água com açúcar. As editoras estão interessadas em autores que sejam curtidos pelas crianças e pelos adultos, um texto que respeite a criança e que comova por sua beleza", afirma Ronaldo

Na opinião dele, o cenário é menos abrasível, mas nem por isso menos insalubre: "Escrevendo para crianças ou não, não se ganha dinheiro com isso", arremata. Em 2013, Ronaldo lança outro título pela Paulus: Eu Me Declaro Criança, com poemas inspirados na Declaração Universal dos Direitos das Crianças.

Os dois não são minoria na literatura feita na Paraíba: Águia Mendes, André Ricardo Aguiar, Maria Valéria Rezende e Sérgio de Castro Pinto são outros nomes que voltaram sua atenção para o nicho de pequenos leitores.

Valéria Rezende, por exemplo, foi indicada ao Prêmio Jabuti em 2009 pelo livro No Risco do Caracol (Autêntica, 32 páginas, R$ 32,00), um dos três infantis lançados pela Autêntica. Já André Ricardo Aguiar publicou em 2007 O Rato Que Roeu o Rei (Rocco, 28 páginas, R$ 16,00) e está se preparando para o lançamento de seu novo infantil, Pequenas Reinações, pela editora Escrituras.

fonte: http://www.jornaldaparaiba.com.br/noticia/93656_os-infantis

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