Friburgópolis
Que coisa é essa pela qual lutamos?
- Ganha sentido, perde sentido -
Que mesmo no milésimo de segundo
que antecede o salto, a corda, o tiro,
relutamos?
Que coisa é essa pela qual corremos
quando desce o barranco e a enxurrada?
Corremos como se houvesse um pote
de ouro no fim da estrada
Corremos
Covardia imensa é lutar por algo tão frágil
Uma pisada em falso
Café quente e água gelada
Qualquer pequena bobagem
e ela nos falta, nos deixa não mão,
no chão
Que coisa é essa pela qual resistimos
às ferragens do carro, aos escombros?
Pela qual batemos em retirada
a qualquer boato de barragem estourada?
Pela qual choramos vendo Friburgópolis
no noticiário da tarde?
Que coisa é essa pela qual imploramos
diante do cano frio do revólver?
Pela qual trabalhamos todo santo dia
e folgamos nos dias santos?
E levamos as mãos ao peito
quando o ataque é no miocárdio?
E ficamos atônitos quando o ataque
é bélico e indiscriminado?
E levantamos as mãos
na hora do assalto,
como se protegê-la fosse
um gesto automático?
Que coisa é essa pela qual gritamos?
Pela qual atravessamos a rua
olhando para os lados?
- Ganha sentido, perde sentido –
Que mesmo sem saber do seu real propósito,
nos multiplicamos, nos multiplicamos,
no multiplicamos?
Afinal, que coisa é essa que só se descobre
por que veio quando ela se vai?
Gosto de suas palavras Mifô
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