quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Vi no blog de Linaldo Guedes

A peleja dos poetas

O caso explodiu como uma bomba nos twitters da vida.

E partiu do poeta Astier Basílio.

Ele denunciou em seu twitter que seu nome teria sido vetado para participar do evento Agosto das Letras, promovido pela prefeitura municipal de João Pessoa através da Funjope.

Censura ou apenas critérios de escolha?

Bem, o blogue se preocupou em ouvir os dois lados da questão e reproduz abaixo entrevistas feitas com os principais personagens de mais este moído em nossa cena cultural: Astier Basílio, o denunciante, e André Ricardo Aguiar, diretor da Divisão de Literatura da Funjope e responsável pelo evento.

Confiram:

5 perguntas para Astier Basílio

Com base em que você diz que foi censurado no evento Agosto das Letras este ano?
Pela declaração dada a mim pelo cordenador de literatura da Funjope. Às vésperas do evento, encontrei com ele pessoalmente, e perguntei sobre a participação na minha mesa. É que pelo mesmo período eu fui convidado pelo Festival A Letra e a Voz de Recife. Perguntei de minha participação e fui informado de que houve “problemas administrativos” que não puderam ser compatibilizados. Não entendi o significado e, então, perguntei se tinha havido algum veto ao meu nome. O coordenador de literatura confirmou o veto e disse que alguém da Funjope, sem me nomear quem tinha sido, foi o responsável por tal medida. Toda informação me foi passada pela coordenação de literatura da Funjope.

Você acha que isso ainda pode ser rescaldo daquela confusão envolvendo seu nome e a Funjope envolvendo o Prêmio Lúcio Lins?
Ainda de acordo com o coordenador de literatura, na mesma conversa que tive pessoalmente, às vésperas do evento, o veto se fundamentaria devido, sim, ao que aconteceu em 2008, no Prêmio Lúcio Lins. O coordenador, inclusive, disse que “por enquanto” meu nome estaria vetado, mas que esta situação tenderia ser mudada futuramente.

Você chegou a falar com o presidente da Funjope, Chico César, sobre essa “censura”?
Enviei um e-mail na sexta-feira para o presidente da Funjope e até o momento não recebi resposta.

Que providências você pretende adotar, caso se confirme a censura?
Lamentar. Lamentar que haja esse tipo de procedimento em uma instituição pública e cultural.

Que avaliação você faz desse episódio?
Que por mais que o tempo passe, a Paraíba dá a impressão de não ter saído de 1930.


5 perguntas para André Ricardo Aguiar

O poeta Astier Basílio disse em seu twitter que foi censurado no Agosto das Letras. O que você tem a dizer sobre o assunto?
O Astier Basílio não foi censurado simplesmente porque não recebeu convite formal para participar das mesas do Agosto das Letras. Evidentemente que seria bem-vindo tanto a intregrar o evento, que é público e que interessa a todos nós, como a participar das mesas como ouvinte, como tantos escritores fizeram. Acho que, lamentavelmente, ele confundiu o evento com Antologia ou Censo dos Poetas. Eventos não comportam toda a riqueza da nossa atual literatura paraibana através de uma lista exaustiva de todos os nomes. Interessante que só Astier levantou a grita, porque nomes como Águia Mendes, Assunção, Lau Siqueira, Abrahão Cost’Andrade também não foram chamados e nem sequer se sentiram ofendidos.

Que critérios foram utilizados na definição dos nomes convidados para participar do evento?
Não existiram critérios de seleção, porque não era concurso público. Montar mesas junto com determinados temas e com poucos espaços e tempo reduzidos inevitavelmente reduziria o número de participantes. Foram escolhas minhas, pensadas como qualquer organizador faria: nomes que (a exemplo de Astier) sempre tem algo a dizer e que, trazidos à baila, não precisaram de critérios competitivos. Mesas redondas, repito, não é licitação, nem competição de méritos. São escolhas e como tais, também trazem, infelizmente, um recorte. Todos os poetas paraibanos, todos os teatrólogos, todos os romancistas não podem, pelas leis da física, estar num evento ao mesmo tempo. A escolha foi minha e os nomes foram aparecendo, sem detrimento de qualidade. Outros eventos e outros convites aparecerão, contemplando os que não puderam integrar o Agosto.

O presidente da Funjope, Chico César, chegou a sugerir ou vetar nomes para o evento? Quais?
Chico César sugeriu nomes, como eu sugeri outros, como as pessoas que conversei sugeriram outros e outros, em caráter espontâneo, embora com responsabilidade (e não de assessoria informal). Sugerir não é demérito. Sugerir por pessoas que entendem o panorama literário é muito bem-vindo. Não houve, portanto, NENHUM VETO, muito menos da parte de Chico César, artista esclarecido e que em questões de cultura é humanamente universal – e qualquer insinuação de tal ordem me parece manipulação abusiva.

Como foi organizar um evento como este?
Como se pode ver, não é fácil. As vaidades feridas parecem ver chifre em cabeça de cavalo – quando na verdade, há sim, muito suor e tentativa de fazer o melhor possível.

Que avaliação você faz desse episódio?
O episódio me parece tolo, muito fermento para pouco bolo, construído por retórica vazia para preencher algo aquém da literatura. Mas como não vivo de politicagem literária – embora conheça tantas – continuo com minha postura de nem dar muita atenção e continuar com a consciência tranquila.

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