segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O twitter e a literatura diminuta



Odeio segunda-feira. E pra começar bem a semana, em visita ao blog do CAIXA BAIXA, me deparo com a seguinte opinião do amigo Helber:

A promiscuidade do twitter é deletéria. O microconto é a twittização da literatura. Nós não precisamos de microcontos, precisamos de literatura.”

Fico pensando como a modernidade nos afeta e altera nossa vida.

Os haicais são milenares, conviveram com epopéias, bíblia  e outros livros imensos. Nunca ninguém questionou a quantidade de caracteres de um haicai.

Sabem qual o motivo? Porque não havia twitter. Não havia rede social alguma que obrigasse o escritor a comunicar-se com apenas 140 letras.

Hoje, devido à limitação de tempo e espaço que é imposta ao homem moderno, há questionamentos dessa ordem.

Arte não se mede com esquadro ou fita métrica, não precisa ser engajada ou ter compromisso com a ética em vigor. A arte se basta, basta ser arte. No caso da literatura,  o escritor tem um punhado de ferramentas que a linguagem oferece, e, a seleção cuidadosa deste material de trabalho, é suficiente para um bom texto.
Persuadir, encantar e universalizar sentimentos é muito mais importante do que o tamanho de um texto.

Bem, a discussão é boa. Quem topa entrar nela?

19 comentários:

  1. Jairo, já torceram o nariz para mim quando eu falei que escrevia microcontos... hehehe... inclusive a pessoa que revisa meus contos de formato mais tradicional, crônicas e textos acadêmicos... Tem gente que simplesmente não gosta, ok!, tem gente que critica um e outro, faz parte e isso é bom, a crítica é bem-vinda!, mas tem gente que critica simplesmente por se tratar de um gênero considerado novo ou por querer assumir uma posição de participante do círculo da verdadeira literatura... Penso que cada produção tem seu espaço... E esse debate de início de semana me animou ainda mais a desengavetar os meus microcontos... Vou selecionar uns para publicar por aqui no escrito no ônibus essa semana, abusando desde já do espaço que você constantemente disponibiliza para autores de sua convivência... Valeu!

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  2. Caro Jãn,
    Gosto não se discute. Não gosto de Bilac. Mas não vivo por aí dizendo que ele ruim, só não gosto.
    Acredito que há espaço para todos as formas de escrita e manifestações artísticas.
    Luto pra isso, para que as pessoas tenham acesso à arte. Se vão consumir ou não, é outra questão.
    O blog estará sempre disponível para quem quiser usá-lo. Fique à vontade.
    abraço

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  3. Eu topo, amigo poeta. Afinal, sou declaradamente um escritor de minicontos rs

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  4. Apesar de discordar de Hélber, acho válidas as observações dele. O que ele viu de forma adorniana, prefiro enxergar pelo viés neutro da história.

    E, Jairo, venhamos e convenhamos que nós dois já fomos pessimistas adornianos.

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  5. Claro que são válidas. Só não concordo que tamanho é documento, nesse caso.

    Êi,ainda sou um adorniano pessimista,só que fui salvo pelo sorriso de Beatriz e pela arte. rsrsrs

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  6. Jairo, sempre houve limitações. No caso do microconto, SMS-conto ou, eu chamo, nanoconto, é uma forma coesa de mostrar um flash de narrativa só isso. Não é um conto. É uma nova forma de narrar. Que não é nova! Muitos escritores antigos já condensaram escritas.

    "Vendem-se roupas de bêbê: nunca usadas", E. H.
    “Cuando despertó, el dinosaurio todavía estaba allí.”, Augusto Monterroso.

    Eu mesmo, simples tibiriense, escrevi centenas de nanoconto, antes mesmo de existir o twitter.

    Na quinta feira, postarei algum deles no CAIXABAIXA. Fica a propaganda então www.caixabaixa.org

    Sem mais, abraços.

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  7. sem falar de dezenas de microcontos de filósofos que se confundiam com aforismos.

    Escrever curto, é a pressa! E em toda a história da humanidade, a pressa foi um elemento a considerar!

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  8. E sem contar que é uma forma de expressão literária capaz de gerar debates que num dia lotam os comentários de dois blogs de responsa...

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  9. Caro Beto, concordo com o que vc falou.
    É preciso considerar a pressa. No entanto, acredito que no caso do microconto ou sei lá como queiram chamar, há um trabalho de elaboração artístico. Como também há nos haicais, que são flashes também.
    De toda forma, está sendo uma discussão legal.

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  10. Pois é, Jãn.
    Helber é sempre polêmico.

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  11. Uma verdade é uma verdade, seja ela dita com uma pena ou uma marreta. Algumas verdades são ditas plenas de pressupostos positivos ou negativos, outras são ditas de forma neutra. Mas serão sempre verdades.

    Prefiro ser neutro: o tamanho do microconto tem influencia do twitter hoje sim. Se é positivo ou negativo, não cabe a mim julgar.

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  12. O microconto nasceu junto com o twitter ou é anterior?

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  13. O que é bom? O que é ruim?
    Quem é o Deus máximo da literatura para julgar?
    Cuidado que os deuses estão soltos...

    Crítica tosca e crítica válida. Mediremos a diferença.

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  14. Jairo, o microconto é anterior, mas a pressão estética que o twitter faz sobre os microcontos é patente.

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  15. Rapá, concordo não.
    Vamos terminar esse papo regado ao vinho de Baco lá em Campina no domingo. Topa?

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  16. Um microconto na polêmica do microconto:

    No princípio, eram os brancos. E uma sombra digital pairava sobre eles. O homem com a caneta na mão tirou a tampa da boca e disse: Haja tinta! E a estória se fez.

    Ih! Esse não cabe no Twitter…

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  17. Há contos que se impõem mais pela realização da linguagem do que pela seqüência de ações. Embora o enredo também seja linguagem, e todo o conteudo só é literário porque é formado no interior do texto, há diferenças sensíveis entre um texto de ação e outro que procura retardar a ação - e até anulá-la - pela exorbitância conferida à linguagem. [...] O esquema problemática/tensão/desfecho é desconsiderado. Neles, a problemática é o próprio nó da linguagem. (Arturo Gouveia, A Arte do Breve, pág. 173).

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  18. Félix,

    Concordamos, agora.

    Thiago,
    Não cabe no twitter, mas cabe no blog.rsrsr
    E salve a diferença!

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