Agradeço ao poeta, amigo e mestre Sérgio de Castro Pinto pelo envio de um poema de Vanildo Brito.
Há muito, gostaria de homenagear este grande poeta. Para mim, é inadmissível que Vanildo não seja lembrado sempre.
ROMANCE DO RIO PARAHYBA DO NORTE
As águas agras, salobras,
deste rio caminheiro,
sabem a cardo, aboios.
longes léguas e lajeiros.
esse rio despenhado
de serras, vales e ventos,
sua própria trilha traça
em seu passo liquefeito;
às vezes ruge na enchente
feito bicho carniceiro,
depois dorme remansoso
em bebedouros estreitos
onde se esconde nas entranhas
arenosas dos seus leitos.
Esse rio de águas magras,
inconstante e traiçoeiro,
nutre e apascenta os rebanhos
com seu rastro boiadeiro;
fluido curral tangerino
do seu curso pelos ermos,
dessedenta a prole tenra
dos cabritos e bezerros.
Esse rio de águas parcas,
que vence estios e cerros,
estanca paralisado
nos baixios putrefeitos
aonde a cana amortalha
o fruto e o grão forrageiro
e nas moendas destila
o amargor do seu veneno.
Esse rio de águas tardas
perdido no seu degredo,
agoniza por meandros
em manguezais lamacentos,
para morrer estagnado
no estuário pestilento –
até que um dia remonte
o seu curso caminheiro,
o seu passo tangerino,
o seu destino vaqueiro.
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