Foto: Ricardo Prado |
AVE
Uma prece desponta na poeira:
neste defumador, bruma das almas,
nessa cruz da paixão. É sexta-feira –
falam no vinho em consoante flama.
Num cântico, tanger toda essa gente,
adentrar as cancelas dos currais,
e a prece, assimilada na tangente,
erguendo templos, constrói capitais.
O chocalho dos deuses chama a ave:
hora das trancas, bulício de chaves,
e o menino deseja o leite santo.
Reconhece-se nessa procissão
denso crivar da fome em profusão:
longa é a fila aos peitos dessa santa.
Do livro Terceira Romaria
Que haja sempre desse leite deleite...
ResponderExcluirsempre, docerachel.
Excluirobrigado por viajar conosco.
Belo soneto! Senti saudade de "A terceira romaria", vou voltar a visitá-lo.
ResponderExcluirestou descobrindo a poesia de JIVM, cara Mazé.
Excluirtrata-se de um grande poeta.
abraço e esperamos vc em outras viagens