Yes, nós temos literatura
João Pessoa, desde a última quinta-feira (18), que vem respirando literatura. Três eventos diferentes, e quase simultâneos, estão trazendo para a Capital paraibana escritores nacionais e mundiais, em diálogo com os autores locais, numa prova inconteste da viabilidade de um produto tão discriminado no meio cultural - chamado Literatura.
A maratona começou na quinta-feira, através de um novo projeto da Fundação de Cultura do Município (Funjope), intitulado "Que tal, Quinta?". O escritor moçambiquano Mia Couto foi o tema do evento, que contou com debate das professoras Elisalva Madruga e Flávia Maia. Na sexta-feira, foi a vez do próprio Mia Couto comparecer, em diálogo com o público paraibano acerca de sua obra e de sua visão de literatura no mundo.
O projeto "Que tal, Quinta?", promovido pela Funjope, é recente e vem promovendo debates interessantes entre autores contemporâneos. Aliás, desde a posse de André Ricardo Aguiar na Divisão de Literatura que a Funjope vem ampliando os espaços para a literatura, não ficando restrita apenas aos concursos e editais. Um exemplo foi o Agosto das Letras, que trouxe para a Paraíba autores de renome em debate com nossos poetas e escritores.
No sábado, dia 20, aconteceu a tão esperada abertura do Salão Internacional do Livro da Paraíba, numa promoção do Governo do Estado, Ministério da Cultura e Sebrae. O subsecretário de Cultura, David Fernandes, que se despede do cargo em janeiro, deixa, assim, uma grande contribuição não só em razão da grandiosidade do evento. Mas também porque o Salão proporciona o intercâmbio intelectual e fomenta o debate sobre temas afeitos ao Livro, à Literatura e à produção intelectual.
Nomes como Marina Colasanti, Ignácio de Loyola, Afonso Romano de Sant'Anna, Bráulio Tavares, Mário Prata, Pasquale Cipro Neto, Fabrício Carpinejar, Nelida Piñon e Arnaldo Antunes tem presenças confirmadas no evento, que só será encerrado dia 28 e promete lotar as dependências do Espaço Cultural José Lins do Rego com estandes de livros, apresentações culturais e debates literários. Autores locais como Hildeberto Barbosa Filho e Sérgio de Castro Pinto também tem presenças asseguradas.
No dia 26 é a vez do Serviço Social do Comércio (Sesc) colocar o seu time, ou melhor, suas letras em campo. Presenças locais, como Astier Basílio, Linaldo Guedes, André Ricardo Aguiar e Hildeberto Barbosa Filho vão dialogar com nomes como Moacyr Scliar, Mário Bertoloto, Cláudio Daniel, Nicolas Behr e João Paulo Cuenca. Sob a curadoria de Astier Basílio, o evento terá ainda Parede Poética, leituras dramáticas e lançamentos de livros.
Todos esses eventos mostram que o nosso potencial literário não pode e nem deve ser desprezado. Afinal, numa terra que gerou nomes como Augusto dos Anjos, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e José Américo de Almeida seria trágico afirmar que o paraibano não gosta de ler, não busca antenar-se com as tendências da literatura contemporânea.
Aliás, tenho dito sempre, em eventos que costumo participar, que a literatura é um filão pouco explorado na cultura brasileira de um modo geral. É sempre tratada como o patinho feio diante de uma geração que valoriza em excesso o audiovisual. Mas eventos como esses citados acima provam o contrário. Que a população tem sede de novos conhecimentos e quer conhecer escritores como Carpinejar e Mia Couto da mesma forma como querem conhecer os últimos artistas da moda no show business nacional e internacional. Ou seja, há espaço para tudo, quando feito com profissionalismo, competência e, acima de tudo, com a paixão.
Fonte : http://linaldoguedes.blog.uol.com.br/
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