Este texto tem um propósito pretensioso. Realizar um pequeno e sintético panorama da literatura paraibana, partindo inicialmente da produção poética destes últimos dez anos. Centrado nas relações entre algumas obras e autores residentes no estado da Paraíba, compreendemos a necessidade de promover sempre que possível um painel de nossa literatura, realizando uma articulação destas produções com a recente poesia brasileira contemporânea.
Somos um estado em que os poetas se destacam, obtendo um maior reconhecimento e visibilidade literária no âmbito nacional. Isso se compararmos com os escritores de ficção. Poeta estes, marcados pela diversidade lingüística e estética, e alguns profundamente integrados ao campo literário brasileiro, fazendo parte quase sempre de antologias, citados ou analisados em sites especializados, participando de eventos literários, bem como colaborando assiduamente em revistas e suplementos culturais do país.
Falamos de quem na realidade? Inicialmente dos nossos mais destacados poetas, considerados “canônicos” dentro da produção literária local (se é que possamos afirmar que exista um cânone local na Paraíba). É o caso, por exemplo, de Sérgio de Castro Pinto. Considerado por muitos o maior poeta paraibano vivo e o mais destacado nacionalmente dos últimos tempos. O autor de Cristal dos Verões (2007) representa em suas estratégias lingüísticas uma expressiva energia estética presente até hoje. Temos em nossa literatura ainda nomes experientes como Hildeberto Barbosa Filho (autor de Do Vento e suas Vértebras Aladas, 2005), José Antonio de Assunção (A Casa do Ser, 2005), Jomar Moraes de Souto (Aliados Poemas, 2010) e Marcos Tavares (Lavoura de Ossos, 2005). Significativos poetas que continuam a publicar seus livros regulamente com belos apelos a fantasia criadora. De todos, Hildeberto Barbosa Filho aparece como sendo o mais publicado nas últimas décadas no estado.
Podemos citar ainda nesta mesma lógica “canônica local”, nomes como Políbio Alves (autor de Passagem Branca, 2006) e Águia Mendes (autor de Um Boi Pastando nas Nuvens, 2010), além dos recém falecidos Vanildo de Brito (Poesia Selectra, 2008) e Ascendino Leite (este último um “aprendiz de poeta” desde década 1990, mais reconhecido como ficcionista e memorialista). Exemplos de poetas que continuaram nesta derradeira década a publicar com qualidade, e alguns com certa regularidade.
Num segundo grupo temos os poetas da transição da geração 90 para a geração 00. Paraibanos em sua maioria, eles trazem um traço autoral consistente e vem ocupando um lugar de destaque dentro do campo literário paraibano graças à atuação no jornalismo cultural e na produção de eventos artísticos na Paraíba, em especial na cidade de João Pessoa. São eles: Astier Basílio (autor de Searas do Sol, 2001), Linaldo Guedes (Intervalo Lírico, 2005), André Ricardo Aguiar (autor de Alvenaria, 1997, que há mais de dez anos não publica poemas em livro), Antonio Mariano (Guarda Chuvas Esquecidos, 2005), Tavinho Teixeira (Luzeiro Volante, 2002) e Ed Porto (Mosaico, 2009). Considero que estes nomes vêm produzindo, cada qual a sua maneira, o melhor na poesia paraibana nos últimos quinze anos, todos eles profundamente antenados com os recursos estilísticos da produção poética brasileira contemporânea.
Ainda neste segundo grupo destaco os nomes de Amador Ribeiro Neto e Lau Siqueira, que trazem, assim como os nomes citados a cima, um diálogo permanente com “as vanguardas literárias brasileiras”, tendo assumido os dois, lugares de destaque na poesia contemporânea no Brasil, graças a um percurso experimentalista. O paulista Amador Ribeiro Neto, ( autor de Barrocidade, 2003) e o gaúcho Lau Siqueira (autor de Sexto Sentido, 2007) se realçam assim pelas suas incursões estéticas, se sobressaindo em várias antologias de níveis nacionais e internacionais, como legítimos representantes de nossa poesia.
Da safra recente de obras nesta década ainda referencio outros nomes, alguns já experientes no ramo dos versos, outros mais jovens, destaque para Wamberto Spinelli Júnior (autor de Sem Lugar, 2007), Fidélia Cassandra (Plumagem, 2008), Lucia Wanderley (Mergulho, 2007), Gil Hollanda (Pelas Ruas do meu canto, 2007), Samelly Xavier (ETC, 2007), Carlos Gildemar Pontes (Quando o Amor Acontece, 2006), Vitória Lima (Fúcsia, 2007) e Sebastião Costa Andrade (Cânticos Eróticos e Entrelaçados, 2007). Alguns deles vencedores de importantes prêmios como Novos Escritos (FUNJOPE) e Novos Autores Paraibanos (UFPB).
Da novíssima safra, num quarto grupo, já trazendo elementos expressivos de linguagem, e alguns deles já premiados no âmbito local, temos os nomes de Jairo Cézar (autor de Escritos de ônibus, 2009), Joedson Adriano (Ode Aos Homens, 2010), Georges Ardilles (Poemas do Meio Fio, 2008), Valberto Cardoso (A Invenção do Dia, 2009), Leo Barbosa (Versos Versáteis, 2010), Thiago Lia Fook (Poesia Natimorta, 2010) e Bruno Gaudêncio (O Ofício de Engordar as Sombras, 2010). Destaco ainda os nomes de Daniel Sampaio de Azevedo e Felix Maranganha por suas produções em antologias e suplementos, apesar de ambos não publicarem ainda nenhum livro de poemas.
Temos assim este pequeno e pretensioso painel da diversidade de nomes, obras e estilos da poesia paraibana contemporânea. Não há dúvida que vários personagens deste contexto literário do século XXI não foram citados, visto que não tenho como dar conta de uma produção ampla de uma década de maneira perfeita e justa. Além disso que expressar com profundidade nas obras de ambos. Todavia, acredito que consegui pelo menos em parte destacar, enfocando os principais nomes do campo literário paraibano destes últimos tempos.
No próximo artigo deverei escrever um Breve Panorama da Literatura Paraibana, desta vez privilegiando o gênero ficção.
Bruno Gaudêncio
FONTE: http://www.rededenoticias.com/geral/colunista-brunogaudencio.shtml
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