Caligrafias
I
Na poeira de um tempo impreciso,
as histórias do silêncio,
ninhadas de signos sem tradução.
Silêncio na carne.
Silêncio que sente a areia passar.
Tempo para a solidão do poema.
Cultivamos os nomes.
Criamos semblante para cada nome.
Para mostrar nossos nós – a palavra.
Com os olhos marejados
a vertigem cresce:
suas roupas são de luz e de som.
O pasmo nos sobressalta
e gozamos de tudo.
II
A poesia de um tempo sem siso
e sua estranha ninhada de histórias
das entranhas do silêncio.
Nosso heroísmo é trágico
e as parcas são infinitas.
Temos apenas a ilusão das coisas
e o caminho é irreversível.
Retornar – apenas para o Nome,
para o ser que não tem nome.
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