segunda-feira, 29 de julho de 2013

Leo Barbosa lança livro em João Pessoa

O escritor, poeta e professor Leo Barbosa lançará no próximo dia 03 de agosto o livro “Lutos diários” (Patuá, 2013) na Estação das Artes (anexo a Estação Ciência, Cabo Branco) às 18h. O livro é divido em duas partes. Na primeira, que dá nome ao livro, situa-se um longo poema que, segundo Chico Viana, que assina o prefácio da obra, “responde à necessidade que tem o autor de questionar e entender o mundo, mas sobretudo de suportá-lo. Ele busca uma harmonia do eu consigo mesmo e acaba deixando evidente o combate entre esses dois estranhos. “Fui ao encontro de mim/ Ou fui de encontro a mim?” - pergunta-se o poeta, ciente de que é impossível responder a essa questão." A segunda parte é intitulada “Lutas diárias”, composta por vinte poemas. A obra será apresentada pelo professor e poeta Amador Ribeiro Neto no dia do lançamento. O evento será coordenado pelo cerimonialista e jornalista Aldo Schueler. O livro já está disponível no site da editora http://www.editorapatua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=188











quinta-feira, 25 de julho de 2013

“Visita à baleia”: um entrecruzar de prosa e poesia

Neide Medeiros Santos – Crítica literária FNLIJ/PB
            

            Nos romances como Moby Dick e O Velho e o Mar
            ou na história de Jonas
            o animal é algo nobre
            e  a vida
            - é um duelo  par-a-par.
            (Affonso Romano de Sant´Anna. A morte da baleia).

            O ensaio do jornalista Fernando Moura sobre o poema de Affonso Romano de Sant´Anna – “A morte da baleia”, publicado no “Correio das Artes” maio de 2013, Ano LXIV, No. 3 p. 4-16, nos levou ao encontro do livro infantil de Paulo Venturelli – “Visita à baleia” (Ed. Positivo, 2012), com ilustrações de Nelson Cruz. Os textos são bem distintos, mas o personagem é o mesmo – a baleia.

            Se no poema de Affonso Romano de Sant´Anna a denúncia aflora nos versos, na prosa poética de Paulo Venturelli é o encantamento que este animal desperta na mente das crianças.  Com “Visita à baleia”, Paulo Venturelli ganhou o Prêmio de Melhor Livro Infantil da FNLIJ em 2013 e a ilustração de Nelson Cruz foi Hors-Concours do Prêmio de Ilustração pela mesma Fundação.

              O espaço escolhido para a história é a cidade de Brusque, interior de Santa Catarina, não banhada pelo mar. Assim, quando o pai chegou com a notícia em casa de que havia uma baleia no centro da cidade, a mãe e os dois filhos ficaram com “os olhos arregalados até não mais poder” (2012: p.9). E veio o convite-ordem:
   
             “Vamos, vamos, Se aprontem que a gente vai até lá ver o bicho”. (p.9) 
   
          A mãe não acreditou em nenhum momento nessa história e dizia que era impossível aparecer uma baleia em uma cidade que não tinha mar, mas o pai e os meninos estavam curiosos para ver a baleia. Com roupa domingueira, partiram os três em direção ao centro. De bicicleta, seguiram para a grande festa. O pai no meio, o caçula na frente e o mais velho no bagageiro.  A mãe ficou em casa resmungando e duvidando da veracidade da história.

          O caminho da casa até o centro da cidade era acidentado, cheio de ladeiras e o menino mais velho, o narrador da história, fez muitas perguntas ao pai sobre a baleia, mas só encontrou respostas evasivas – a única coisa que ele sabia era que existia uma baleia no centro da cidade e que os colegas da fábrica estavam indo com a família para ver.
  
        Quando chegaram à praça, o menino viu a multidão e se arrependeu de ter vindo, poderia ter ficado em casa com a mãe, brincando com o Beto, era muito mais vantagem. Para piorar a situação, havia uma fila enooorme e que não caminhava, parecia que estava parada.  O desconforto da espera piorou quando o irmão menor começou a pedir “chovete” e ameaçava um choro para conseguir o que queria, mas o pai só pensava em ver a baleia e repetia: “Depois. Depois o pai compra.” (p.28).
         
     Enquanto esperava pelo momento ambicionado, o menino mais velho começou a relembrar fatos passados. Certa vez foi com o pai a um circo que apareceu na cidade. Pagaram ingresso para ver a “mulher barbuda”. Todos deviam passar bem depressa diante da mulher barbuda, o pai não gostou do engodo e gritou feio:
   
         “Cadê a lazarenta da barbuda? Aí no escuro, bem que pode ser homem. Bem que pode ser uma idiota com barba postiça” (p.32). Veio a pessoal do circo acalmar o homem que estava furioso. O menino sentiu-se envergonhado diante do escândalo do pai. Será que ele ia fazer o mesmo diante da baleia?

            A surpresa da história fica para o leitor do livro. Não quero desvendar o mistério que envolve a baleia. Seria uma baleia viva ou morta? Só lendo o livro para saber.

            No dia seguinte, quando foi à escola, a professora deu este tema para a composição: 

“Uma árvore frutífera”. O menino arriscou e perguntou à Dona Deolinda: “Posso fazer sobre a baleia?” (p.50). A professora não titubeou: “Deixa de ser bobo, menino. Escreva o que eu mandei”. (p. 50)

            O menino vai obedecer à ordem da professora? É outro segredo que está escondido no livro.   

             “Visita à baleia” é rico de imagens literárias, de devaneios, de entrecruzar de pensamentos, de linguagem coloquial bem descontraída.  Aliado a tudo isso, destacam-se as ilustrações de Nelson Cruz - sombrias, ternas, extravagantes, algumas minúsculas, outras grandiosas.  Contrastando com o preto de muitas páginas, aparece o azul celeste do céu e do carro “rabo de peixe” do doutor Nica.

            A respeito deste livro, o ilustrador Nelson Cruz assim se expressou: “Este livro Visita à baleia, do Paulo Venturelli, me concedeu o dom da invisibilidade. Explico. A maneira de narrar a história, como uma conversa ao pé do fogão, me envolveu desde o princípio. [...] Numa inversão, os personagens tornaram-se vivos e eu, invisível, acompanhei cena por cena até o desfecho e a lágrima final, que me trouxe de volta à realidade.” (Orelha do livro Visita á baleia).


            Tivemos a oportunidade de assistir, no 15º. Salão do Livro, Paulo Venturelli contar a história da baleia para crianças de escolas municipais e Nelson Cruz desenhá-la.  As crianças, muito atentas, pareciam não querer perder um só momento dessa aventurosa história. 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

PROGRAMAÇÃO DO "SESC DE LETRAS", João Pessoa-PB


OFICINAS

VÍDEO LITERÁRIO
Ministrante: Carlos Dowling
Professor de Cinema da UFPB e Cineasta
Data: 30/07 a 02/08
Horário: 15 às 17 horas
Local: Auditório do Sesc – Centro

ILUSTRAÇÃO - ESSA OUTRA AUTORIA
Ministrante: Izaac Brito
Ilustrador e Cartunista
Data: 30 e 31/07
Horário: 09 às 12 horas
Local: Auditório do Sesc - Centro

CONTO
Ministrante: Archidy Picado Filho
Contista, Poeta e Artista Visual
Data: 30/07 a 02/08
Horário: 17 às 19 horas
Local: Auditório do Sesc - Centro

ANIMAÇÃO LITERÁRIA PARA EDUCADORES
e demais públicos afins
Ministrante: Elba Góes
Arte-educadora e Atriz
Data: 30/07 a 02/08
Horário: 15 às 17 horas
Local: Auditório do Sesc - Centro


RODAS DE CONVERSA

Com Lau Siqueira
Blogueiro, Poeta, Animador Cultural
Tema: Edição Digital e outras ideias para agilizar a difusão literária
Data: 30/07
Horário: 19h30
Local: Auditório do Sesc - Centro

Com Marcel Vieira
Professor da UFPB
Tema: Shakespeare ao alcance da maioria
Data: 31/07
Horário: 19h30
Local: Auditório do Sesc - Centro

Com Thardelly Lima
Arte-educador e Ator
Tema: A Literatura influenciando outras artes
Data: 01/08
Horário: 19h30
Local: Auditório do Sesc - Centro

Com José Leite Guerra
Escritor
Tema: Literatura e Fé - uma leitura laica a respeito do Novo Testamento
Data: 02/08
Horário: 19h30
Local: Auditório do Sesc - Centro



O Sesc Centro fica localizado à Rua Desembargador Souto Maior, 281
Centro, João Pessoa - PB.
Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (83) 3208-3158 e (83) 9996-0183.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Encontro das Traças

O Encontro das Traças é um evento que vem adquirindo uma demanda; a troca de livros. Sendo assim, um movimento que semeia mais leituras. Esse evento, em sua segunda edição, será no próximo sábado, dia 20 de julho, a partir das 17h30, e terá como lugar de encontro um bar cultural, o Bar do Elvis, que fica localizado no bairro do Castelo Branco, local de troca de experiências acadêmicas, e já conhecido da sociedade por sediar lançamentos, shows, recitais, para receber os seus convidados.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

TATIANA BELINKY – “Sherazade das mil e uma histórias”

Por Neide Medeiros Santos – Crítica literária - FNLIJ/PB

            Capitu que me desculpe, mas a Emília é a maior heroína literária brasileira.
            (Tatiana Belinky)

            Tatiana Belinky nasceu em São Petersburgo, na Rússia, em 1919.  Quando completou um ano, a família se mudou para Letônia e por lá viveu até os dez anos. Em 1929, a família veio para o Brasil e a viagem de navio até o Rio de Janeiro (foram 21 dias de viagem) pareceu para aquela menina de 10 anos uma aventura semelhante às histórias que seu pai contava de longas viagens de navios, de guerras.
            
         O pai era um ator na arte de contar histórias, ele fazia uma voz diferente para cada personagem e foi ouvindo histórias contadas pelo pai que despertou na filha o gosto pelos livros. O desembarque foi no Rio de Janeiro, mas com poucos dias a família se transferiu para São Paulo e lá se fixou.
            
            Há um fato interessante na vida da estudante Tatiana Belinky. No colégio que estudou logo que chegou a São Paulo, as colegas riam por conta do seu sotaque estrangeiro e pela troca de palavras. Como não dominava bem a língua portuguesa, trocava palavras. O que fez a menina? Passou a estudar muito português e virou a melhor aluna de português da classe. Bendita vingança!
         
          Quando jovem, trabalhou como tradutora bilíngue, datilógrafa, só alguns anos mais tarde despertou para a literatura infantil. Casou com o médico e ator Júlio Gouveia, juntos montaram peças de teatro e fizeram a adaptação do Sítio do Picapau Amarelo para a TV Tupi de São Paulo.
            No livro autobiográfico, “Acontecências”, Tatiana transcreve inúmeros poemas de Júlio para sua amada. Aqui estão algumas dessas incursões poéticas do noivo:
       
          “Ofereço-te a fachada
            De um cantor tolo e pateta:
            Fez uma bruta “cantada”
            Numa Canção Indiscreta.”
            ***
            “De cantar, só, no meu canto
            Já estou a desencantar;
            Pro canto ter mais encanto
            Contigo quero cantar.”
     
           Esses poemas, endereçados à futura esposa, vinham sempre acompanhados de uma fotografia do autor dos versos.
    
          O interesse de Tatiana pela literatura infantil começou com o trabalho de adaptação da obra de Lobato para a TV. Seus livros infantis vêm marcados pelo humor, pelo tom de brincadeira. Inaugurou a série de “limeriques”, poemas de cinco versos, geralmente sobre coisas engraçadas.
  
           “A operação de tio Onofre” é um dos seus livros mais vendidos, já alcançou inúmeras edições. Com “Os dez sacizinhos”, Tatiana Belinky ganhou o prêmio de Melhor Livro Infantil em 1999, esse mesmo livro recebeu  o Prêmio de Melhor Ilustração Infantil.   Vários outros livros da autora receberam o selo “Altamente Recomendável” da FNLIJ.

          Em 2008, publicou “Limeriques da Cocanha” (Companhia das Letrinhas) com ilustrações bem jocosas de Jean-Claude Alphen.
            
              A Cocanha é um país imaginário, é o “São Saruê”, de Manoel Camilo dos Santos, mas este país imaginário de que nos fala Tatiana é bem anterior a São Saruê. Em nota explicativa, a autora nos diz que este país nasceu na fantasia de um anônimo poeta francês em plena Idade Média, lá pelos séculos XII ou XIII.
  
             Cocanha era uma terra de permanente felicidade, só existia lazer e ociosidade. Não havia ricos nem pobres, a comida já vinha pronta à mesa e fome lá também não existia.
   
         Vejam o primeiro limerique que descreve Cocanha:

            “ Na Cocanha a sociedade
            Vive em total liberdade –
            Lá ninguém trabalha
            (trabalho atrapalha...),
            Lá tudo é só felicidade.”

            Tatiana se foi, mas ficaram seus livros, limeriques, os contos russos traduzidos para português e um rico universo de livros infantis que a autora deixou para seus leitores.

            Heloísa Prieto, escritora e estudiosa da obra de Tatiana Belinky, considera que ela é a nossa “Sherazade das mil e uma histórias”, aquela que é capaz de manter viva a poesia da criança.  


quarta-feira, 17 de julho de 2013

SESC de Letras: Lau Siqueira fala sobre “Edição Digital e outras idéias para agilizar a difusão literária”

Já encontram-se abertas as inscrições para o ciclo de “rodas de conversa” que o SESC Centro João Pessoa(PB) realizará entre os dias 30 de Julho a 02 de Agosto, sempre a partir das 19:30 horas. A primeira conversa será a respeito de “Edição Digital e outras idéias para agilizar a difusão literária'” com o blogueiro e poeta Lau Siqueira, figura bastante conhecida no movimento cultural paraibano.

Lau Siqueira nasceu em Jaguarão-RS, tem cinco livros de poemas publicados e participação em diversas coletâneas e antologias no Brasil e no exterior. Escreve artigos para revistas, jornais e sites. Reside atualmente em João Pessoa.

Sobre o tema que será abordado na abertura do projeto SESC de Letras, Lau destaca a existência de um debate que está posto atualmente que diz respeito à chamada literatura digital. Na verdade praticamente toda a literatura produzida atualmente é digital, pois cada livro nasce de um arquivo digital. O fato é que até mesmo os especialistas reconhecem que o cânone do século XXI passará necessariamente pelas redes sociais e pelos instrumentos evolutivos da web, influindo na realidade e servindo-se dela numa permanente simbiose. No entanto, a velocidade da evolução tecnológica nos torna precavidos para que as facilidades criadas com a possibilidade das edições virtuais, não fomentem a banalização da criação literária. Eis o nosso grande desafio.

Veja a programação geral do SESC De letras:

OFICINAS

VÍDEO LITERÁRIO
Ministrante: Carlos Dowling
Professor de Cinema da UFPB e Cineasta
Data: 30/07 a 02/08
Horário: 15 às 17 horas
Local: Auditório do Sesc-Centro


ILUSTRAÇÃO-ESSA OUTRA AUTORIA
Ministrante: Izaac Brito
Ilustrador e cartunista
Data: 30 e 31/07
Horário: 09 às 12 horas
Local: Auditório do Sesc-Centro

CONTO
Ministrante: Archidy Picado Filho
Contista, poeta e artista visual
Data: 30/07 a 02/08
Horário: 17 às 19 horas
Local: Auditório do Sesc-Centro

ANIMAÇÃO LITERÁRIA PARA EDUCADORES
e demais públicos afins
Ministrante: Elba Goes
Arte educadora e atriz
Data:30/07 a 02/08
Horário:15 às 17 horas
Local: Auditório do Sesc-Centro


RODAS DE CONVERSA

Com Lau Siqueira
Blogueiro, poeta, animador cultural
Tema:  'Edição Digital e outras idéias para agilizar a difusão literária'
Data: 30/07
Horário: 19h30
Local: Auditório do Sesc-Centro


Com Marcel Vieira
Professor da UFPB
Tema: 'Shakespeare ao alcance da maioria'
Data: 31/07
Horário: 19h30
Local: Auditório do Sesc-Centro


Com Thardelly Lima
Arte educador e ator
Tema: 'A Literatura influenciando outras artes'
Data: 01/08
Horário: 19h30
Local: Auditório do Sesc-Centro
 
Com José Leite Guerra
Escritor
Tema: 'Literatura e Fé- uma leitura laica a respeito do Novo Testamento'
Data: 02/08
Horário: 19h30
Local: Auditório do Sesc-Centro

O Sesc-Centro fica localizado à Rua Desembargador Souto Maior, 281, Centro, João Pessoa - PB. Maiores informações podem ser obtidas pelos telefones (83) 3208-3158 e (83) 9996-0183.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Clássicos literários levam à reflexão e ao aprimoramento pessoal

Quem nunca se pegou pensando sobre a vida, seus relacionamentos ou o mundo ao redor depois de terminar um bom livro? Além de ser um prazer, a literatura também traz subsídios para profundas reflexões. Em tempos modernos, os livros de autoajuda surgiram para orientar as pessoas objetivamente a lidar com os próprios problemas. No entanto, a leitura de clássicos literários pode levar a uma experiência muito mais produtiva de desenvolvimento pessoal. 
"Os livros de autoajuda são criticados porque se fecham em um único sentido. Já a literatura abre para a interpretação de cada um. Cada leitor vai tirar as suas próprias conclusões acerca de uma obra, de acordo com as experiências pessoais e o repertório cultural", defende Filomena Elaine Paiva Assolini, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, em Ribeirão Preto.
 
Na literatura clássica, em muitos casos, a mensagem não chega ao leitor de maneira tão explícita e requer certo esforço de interpretação. "Nestas obras, a mensagem pode ser dada pelo avesso, ou seja, mostram o que não se deve fazer a partir do desenvolvimento de um personagem que agiu de determinada maneira e se deu mal", explica Roberto Juliano, professor de literatura do Cursinho da Poli. "É justamente por conta dessas características, dessa complexidade, que os clássicos nos instigam a pensar", completa. 
 
Com a ajuda de especialistas em literatura, montamos a lista de livros clássicos que ilustram essa matéria e valem a pena pela narrativa, mas também pela reflexão que propõem.

veja mais aqui

quarta-feira, 10 de julho de 2013

André Ricardo no ônibus

Motivo

Digo-te apenas o necessário
com duas ou três palavras,
uma praia, um caminho,
jeito de pousar o livro.

E de dizer aqui: tens uma ponta
de um pensamento ou nuvem
com que descubro
o quanto és semovente.

Também dizemos presença
para o grão ou a lágrima,
e também quando fenece
o girassol da espera.

Apenas te digo: ouve
o respirar de uma chuva
quando quer escolher
tipos de despedidas.

Ou me dizes: não descansa
uma árvore sua sombra?
Tudo o que é necessário, germina.
Folha, canção, precipício.

Assim disse o poema.

AGUIAR, André Ricardo.  A idade das chuvas.  São Paulo: Editora Patuá, 2012.  92 p.  

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Bartolomeu Pereira no ônibus

Fisgadas as pernas
Em fogo
O sexo
Palpita 
Berra 
Mantras antigos
Da pele brota interiores 
Suores
Caldos 
Temperos
Finos
Transborda
A matéria santa
Em febre

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Eduardo Lacerda no ônibus

A dentadura

        
para Renan Nuernberger


Perco amigos

Como


quem perde

dentes.


Como

quem

mastiga,

perco amigos.


(E também os guardo.

deitados sob o sono

do travesseiro,

a espera

de impossíveis

fadas)

Como quem guarda dentes que perde.

Como quem dói a noite inteira.

Como quem

os devora.


Como quem

a dentadas e com raiva

espera

ainda algum

troco

ou

esmola.


LACERDA, Eduardo.  Outro dia de folga.  São Paulo: Editora Patuá, 2012.135 p. 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

E a Flip começou

Com a presença de autores mundialmente respeitados, como Julian Barnes, Don DeLillo, Eric Hobsbawm e Hanif Kureishi, a primeira Festa Literária Internacional de Paraty, realizada em 2003, inseriu o Brasil no circuito dos festivais internacionais de literatura. Ao longo de suas edições seguintes, a Flip ficou conhecida como um dos principais festivais literários do mundo, caracterizada não só pela qualidade dos autores convidados, mas também pelo entusiasmo do público e pela hospitalidade da cidade. Nos cinco dias de festa, a Flip realiza cerca de 200 eventos, que incluem debates, shows, exposições, oficinas, exibições de filmes e apresentações de escolas, entre outros, distribuídos em Flip . Programação Principal, FlipMais, FlipZona e Flipinha.

Em 2013, Graciliano Ramos é o grande homenageado. A Paraíba também estará presente através da escritora Marília Arnaud. 

Boa Feira a todas e todos!

Saiba mais sobre a feira no http://www.flip.org.br/

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Cultura melhora qualidade da vida

Um povo mais culto cuida melhor de sua saúde, valoriza o ensino, repudia a violência, a discriminação e a intolerância, trabalha melhor, tem mais consciência ambiental e compromisso com a nação e o civismo. Essas são razões mais do que suficientes para evidenciar o significado do programa Vale-Cultura, que ampliará o acesso dos trabalhadores com renda de até cinco salários mínimos aos livros, cinema, CDs, filmes/vídeos e teatro.
Com 50 reais mensais a serem destinados aos beneficiários, é perfeitamente possível comprar, no mínimo, um livro ou um CD, mais um ingresso de cinema. Também há peças de teatro com preços muito acessíveis.  Considerando que a meta do programa é abranger aproximadamente 17 milhões de trabalhadores e elevar o consumo cultural em até R$ 7,2 bilhões por ano, será expressivo o contingente de brasileiros incluídos nessa rede de conhecimento.
Somente no primeiro ano, será contemplado um milhão de trabalhadores, com impacto significativo. No caso do mercado editorial, por exemplo, se cada trabalhador inicialmente beneficiado comprar um livro por mês, serão 12 milhões de exemplares anuais. Isso significa quase 5% dos 284 milhões vendidos em 2011 nas livrarias e outros canais de comercialização ao público final, conforme números da última pesquisa sobre produção e vendas, realizada pela FIPE. O número também é equivalente ao total de novos títulos de obras científicas, técnicas e profissionais editados naquele ano.
Na esteira do processo de ascensão socioeconômica da população brasileira nos últimos dez anos, o novo programa cumpre a missão complementar de promover a inclusão cultural, tão relevante quanto prioridades como saúde e educação. Afinal, a cultura é um pressuposto do Estado de Direito, pois é essencial para o exercício pleno da cidadania.
Nesse contexto, são pertinentes as declarações da ministra Marta Suplicy, ponderando que não deve incluir as TVs por assinatura dentre as alternativas para a utilização do Vale-Cultura. Isso reduziria muito o potencial pulverizador do programa e o incremento do empreendedorismo cultural, um dos alicerces da política pública que o formatou. Nada contra a “telinha”, mas há razões consistentes para que não seja contemplada, a começar pelo fato de que o valor da assinatura mensal consumiria praticamente o subsídio integral de cada trabalhador.
Ademais, se considerada a programação essencialmente cultural, o público já tem acesso na televisão aberta, por meio dos numerosos canais da rede de TV Educativa, mantidos pelo setor público. Ou seja, se a TV fosse incluída no Vale-Cultura, o Estado estaria pagando duas vezes pelos mesmos canais, via manutenção da rede e por meio dos recursos repassados ao trabalhador. Mais do que isso: o setor televisivo irá beneficiar-se também dos incentivos que incrementam as mídias digitais, como o Programa Nacional de Banda Larga.
O Vale-Cultura, portanto, está no caminho certo. Contribuir para que a sociedade aproprie-se do patrimônio do conhecimento é um dever crucial do Estado.

*Karine Pansa, empresária do setor editorial, é presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).