segunda-feira, 29 de abril de 2013

IV Abril para leitura - Sousa- PB

O IV Abril para leitura, evento realizado pelo Centro Cultural Banco do Nordeste do Brasil de Sousa, foi um grande sucesso. Compartilho com vocês algumas fotos.

em tempo: parabéns a toda equipe!














quinta-feira, 25 de abril de 2013

Enquanto há vida - Thiago Fook



Thiago Lia Fook

*  10 /  12   / 1983 /
+  00 / 00 / 0000 /





aviso póstumo




se vieste provar
os sabores do cardápio
chegaste atrasado

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Sobre Pedra só de JIVM





PEDRA SÓ – ABRIGO E SANTUÁRIO 
[sobre o livro de José Inácio Vieira de Melo]

Ana Maria Rosa

“Percebo que, em toda criação artística, se insinua uma infância única e intransferível”.
Bartolomeu Campos de Queirós
 ** 
O livro Pedra Só, desde sua capa, uma bela fotografia de Ricardo Prado, fornece ao leitor, mesmo ao mais desavisado, uma deixa de que o poeta José Inácio Vieira de Melo pretende conduzi-lo às terras agrestes do Sertão – seja esse dentro ou fora –, pois, ali, estão seus signos: o mandacaru, o espinheiro e a lua cheia. Na folha de rosto, eis o lajedo: a pedra em sua solidão imemorial. Depois do belíssimo poema-epígrafe de Roberval Pereyr – povoado de camelos e cavalos – o poeta JIVM nos abre um portal, de onde se descortina a sede da fazenda Pedra Só, obumbrada pelo lajedo que se projeta sob o céu sem nuvens, e, ali mesmo, nos adverte fazendo suas as palavras do poeta Geraldo Mello Mourão: “Essas terras são minhas/ sobre elas hei lavrado a escritura de meu canto”. Avisado pela epígrafe e ofuscado pela claridade do céu, o leitor-viajante-convidado começa a pisar o couro do país, onde reina o Cavaleiro do Fogo.
 Entrar nesse misterioso território é adentrar “nos emaranhados da memória” de onde o poeta traz à luz, com seu verbo encantado, as origens de sua poesia telúrica, visceral e apaixonada. Porque esse é o tema principal do livro: a poesia, sua origem e suas fontes primevas. Chamo a atenção para o uso constante de palavras que remetem ainício, primordialfundamental, em construções como “o nome primeiro à luz do sol”, “O sertão encourando os primeiros saberes”, “E na penumbra, as primitivas galas”, “No Sertão, o princípio do enigma”, “Na Pedra Só, a fonte desse poema” Esses “versos sertânicos” não deixam dúvida de que o poeta precisou buscar “Outra vez as águas antigas,/ ravinas na memória do tabuleiro” e retornar à “província sagrada” para escutar o “boi das algorabeiras/ que muge a solidão” e, assim, poder revelar os segredos fundamentais de sua lírica que estão codificados em seus poemas. Adiante, nova revelação descortina-se ao leitor, quando o poeta se define afirmado nos últimos versos do cântico II: “E eu regresso e lembro que fui, que sou e serei: um cavaleiro cozido nas brasas do Sertão,/ dentro dos couros, com o sol no espinhaço,/ no meio do tempo, no meio dos tempos”.
Não é difícil ao leitor, que como eu, traz no âmago do Ser, os sons, os sabores e perfumes do Sertão, ouvir o aboio, atender ao chamado do poeta e acompanhá-lo por esse sertão de terra vermelha, povoado de bois-onças-pássaros-leopardos-cantadores-profetas-vaqueiros-cavalos e éguas, Às vezes, eu, leitora, sou ferida por um espinho de mandacaru ou perco-me no labirinto de minha própria memória (não se lê poesia impunemente.) noutras, refresco-me à sombra das algarobeiras e, dali, também posso contemplar  “a paz dos lajedos e das serras”. Mas mesmo para o leitor que não carrega consigo esses signos sertânicos, não é difícil empreender essa odisseia, guiado pelo som do galope do centauro que partiu do Olho d’água, apeou por uns tempos na fazenda Ribeira do Traipu no sertão das Alagoas, levantou rancho para a cidade de Troia, passou por Ítaca e desembestou-se por desertos bíblicos até chegar à fazenda Cerca de Pedra, de onde empreendeu nova viagem até alcançar as terras da fazenda Pedra Só, na Chapada Diamantina, sertão da Bahia. Ali, o vaqueiro fundou seu reino, o “país do couro”, onde o Cavaleiro de Fogo, finalmente, pode repousar e, como um demiurgo, criar delírios de metáforas, deslumbrado com a “chã que se abre” aos seus “olhos pasmos diante da imensidão do Cosmo”.
Mas, um outro aspecto me chamou a atenção: nesse livro, mais do que nos anteriores, é possível sentir a presença iniludível da infância a perpassar quase todos os cânticos do poema Pedra Só. Desde o início, percebo que, além do boi de campina, anda com o vaqueiro, um menino moreno de cabeleira encaracolada e senho franzido. Ele está montado num cavalo em pelo e, protegido por “uma legião de vaqueiros e pelas sete peles do gibão de couro”, segue o outro que galopa, veloz, a chicotear o cavalo arisco. Qualquer leitor, informado de que JIVM é o cavaleiro de fogo, o centauro escarlate, o demiurgo encourdo, o poeta baiano das Alagoas, sabe que ele não careceria de tanta proteção ao desembestar pelo sertão de dentrose não fosse por causa do “menino todo diferente dos outros” que viaja com ele e do qual não pode apartar-se.
Ninguém consegue olvidar a infância e, talvez, nenhum outro artista além do poeta, consiga presentificá-la de forma tão bela.
Tenho certeza de que muito do que o poeta José Inácio vaticina é soprado aos seus ouvidos pelo menino, a criança que o habita e o preside. A criança é a essência do ser humano, a sua alma, o seu coração sagrado, a infância que não se pode olvidar, ainda que, em alguns momentos, seja difícil a ela retornar.
É isso. Nesse livro, José Inácio, corajosamente, acolhe a criança-menino-bezerro sem a qual sua arte não seria possível. Nesse sentido, o livro Pedra Só é prova inconteste de seu amadurecimento como poeta. Creio que sua poesia, as toadas e os aboios brotam de dentro dela e são cantados pelo poeta, primeiramente, para ela e, só então, são lançados nos espaços-tempos do Infinito, transmutados pela experiência e pelos saberes do homem-pai-amante-vaqueiro-poeta que José Inácio encarna.
E parece que, somente, na fazenda Pedra Só – pela mágica da fantasia transfigurada num reino encantado, chã, abrigo e santuário – José Inácio pode retornar ao paraíso perdido: o sertão mítico, território sagrado da sua infância, onde é possível fusionar a trindade: homem-menino-poeta.
 Aqui, apeio do cavalo que me levou à beira da “inesgotável jazida”, onde quase vislumbrei o “rubi” que habita o poeta. E, ainda enredada nas infinitas teias orvalhadas das metáforas e dos signos míticos de Pedra Só, eu penso, talvez, que essa catedral seja simplesmente a infância e o rubi apenas o menino.

Ana Maria Rosa é professora graduada em Língua Portuguesa e Literatura, publica crônicas e contos em revistas eletrônicas e no blog oolhardapequenaespian.blogspot.com. Em setembro, terminou o primeiro livro de contos que está em fase de revisão.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Poesia encenada 2013

TODA POESIA MERECE INTERPRETAÇÕES
Estão abertas as inscrições para o FESTIVAL DO SESC

Já se encontram abertas as inscrições para o Festival Poesia encenada do Sesc, evento que consegue mobilizar crescente público e vários segmentos artísticos da Paraíba a cada início de ano. O evento será realizado entre os dias 04, 05 e 06 de Junho, na Usina Cultural Energisa, sempre a partir das 18 horas e a premiação este ano está distribuída da seguinte forma: R$ 1.000,00 para os cinco poemas melhores colocados e R$ 1.000,00 para o melhor poema e melhor interpretação.
De acordo com a organização do evento, as inscrições ficam abertas de 15 de Abril a 10 de Maio com temário livre e podem participar poetas oriundos da variadas regiões paraibanas. Participam tradicionalmente do evento poetas de cidades que são consideradas pólos de animação cultural existentes no interior paraibano, a exemplo de Campina Grande, Patos, Bayeux, Guarabira, Cajazeiras, Pedras de Fogo, Sousa, Monteiro, Cabedelo, Santa Rita e Catolé do Rocha.
No ano passado o vencedor do elenco foi Gustavo Limeira, com o poema “Corpses”, em segundo e terceiro lugar ficaram “Poema Limpo” de Antônio Mariano e “Combinado” de Juliana Goldfarb. Durante as três noites de festival o Teatro Santa Roza esteve lotado, mas este ano em função da reforma que vem sendo desenvolvida naquela casa de espetáculos será promovido na Usina Cultural Energisa.
Confira o regulamento do X Festival:

INSCRIÇÕES ABERTAS - X FESTIVAL POESIA ENCENADA
          Um dos mais movimentados eventos realizados em João Pessoa no primeiro semestre do ano está com inscrições abertas.Trata-se do Festival Poesia Encenada do SESC, que em sua décima edição, sai do Teatro Santa Roza para ocupar o espaço da Usina Cultural Energisa, entre os dias 04 e 06 de junho, sempre a partir das 19h, com entrada franqueada ao público interessado.
            Unindo setores representativos as artes cênicas e da literatura no âmbito da capital paraibana e de cidades do interior do estado, o festival costuma contemplar ainda atores, diretores, autores, estudantes, coreógrafos, literatos, críticos e performers oriundos de estados como Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, não somente nas interpretações cênicas dos poemas selecionados, mas também despertando atenção de diferentes platéias, sobretudo dos jovens.
            As inscrições encontram-se abertas até o dia 10 de maio de 2013, no setor de cultura do SESC Centro João Pessoa, no horário 08 às 18 horas. De acordo com a organização, as premiações deste ano acontecerão da seguinte maneira: os cinco melhores colocados, mediante a avaliação de críticos literários, jornalistas e especialistas em artes cênicas que vem acompanhando o desenvolvimento do evento ao longo desses anos.
            No ano passado o festival contou com uma mostra bastante representativa da poesia produzida por um dos grupos que integram a chamada nova poesia paraibana: grupo Caixa Baixa. Durante os três dias de evento, dividos entre duas noites de eliminatórias, foram apresentados 30 poemas selecionados e uma noite de “finalíssima” com os 08 poemas classificados para a última etapa. A poesia do grupo Caixa Baixa foi apresentada ao público no hall da mais tradicional casa de espetáculos da capital paraibana, o Teatro Santa Roza.
            A premiação será feita da seguinte forma:

•           1ª MELHOR APRESENTAÇÃO = R$ 1.000,00 (HUM MIL REAIS)
•           2ª MELHOR APRESENTAÇÃO = R$ 1.000,00 (HUM MIL REAIS)
•           3ª MELHOR APRESENTAÇÃO = R$ 1.000,00 (HUM MIL REAIS)
•           4ª MELHOR APRESENTAÇÃO = R$ 1.000,00 (HUM MIL REAIS)
•           5ª MELHOR APRESENTAÇÃO = R$ 1.000,00 (HUM MIL REAIS)
•           MELHOR INTERPRETAÇÃO = R$ 1.000,00 (HUM MIL REAIS)
•           MELHOR POESIA = R$ 1.000,00 (HUM MIL REAIS)


VEJA O REGULAMENTO DO FESTIVAL

X POESIA ENCENADA SESC 2013

REGULAMENTO

OBJETIVOS

1- O Festival Poesia Encenada, em sua décima edição, é promovido pelo SESC – Serviço Social do Comércio, através do setor cultural do SESC Centro João Pessoa – PB.

2-O festival tem como principal objetivo ampliar acesso do público comerciário e, por extensão, da coletividade pessoense, ao que vem sendo produzido, pelos segmentos da literatura e artes cênicas, no âmbito educacional – destacando representações das escolas ligadas as redes públicas e privadas de ensino.

DATAS

Período de inscrição: 15 de abril a 10 de maio de 2013
Divulgação dos poemas selecionados: 14 de maio de 2013
Eliminatórias: 04 e 05 de junho de 2013
Finalíssima: 06 de junho de 2013


INSCRIÇÕES - COMO PROCEDER

•           Cada poeta interessado pode inscrever até 03 (três) poemas inéditos.
•           No ato da inscrição o poeta deve apresentar 05 (cinco) cópias de cada poema.
•           O poeta deve ter idade mínima de 10 anos.
•           As inscrições devem ser feitas no período de 8h as 18h, no setor cultural do SESC Centro João Pessoa.
•           A inscrição também pode ser postada pelos correios e telégrafos, no endereço, Rua Desembargador Souto Maior, 218 – Centro, valendo a data limite de 05 de abril de 2013.
•           No ato da inscrição o autor deve informar a organização do festival o interprete ou grupo escolhido que defenderá seu trabalho poético, bem como seu histórico no movimento cultural, email, telefones, endereço/residência para contatos.
•           O temário do festival é livre.


DA SELEÇÃO

•           A seleção dos 30 (trinta) poemas que participarão das eliminatórias será feita por agentes culturais, ligados as áreas de Cultura e Artes Cênicas.


AVALIAÇÂO

•           Cada eliminatória constara de 15 (quinze) poemas selecionados.
•           Ao final de cada eliminatória serão apontados os 08 (oito) poemas classificados para a final.
•           Serão apontadas pelo festival 05 (cinco) as melhores apresentações artísticas, bem como a melhor interpretação, melhor poema, direção e revelação, cabendo a cada uma das apresentações destacadas premiação em troféus.
•           A comissão de avaliação será integrada por artistas, críticos, produtores e animadores culturais.
•           A ordem de apresentação será feita através do sorteio.
•           As decisões do corpo de jurados priorizarão os itens POESIA e INTERPRETAÇÃO.
•           Quaisquer disposições em contrario serão avaliadas em conjunto pela comissão julgadora e organização do festival.


PREMIAÇÃO

O décimo Festival de Poesia Encenada do SESC contemplará as 05 (cinco) melhores apresentações artísticas com um cachê de R$ 1.000,00 (Hum mil reais) cada uma delas, bem como melhor interpretação e melhor poesia, cada quesito com R$ 1.000,00 (Hum Mil Reais) após avaliação de comissão especializada, durante as três etapas do evento.


O Setor de Cultura ligado ao Sesc Centro João Pessoa fica situado á Rua Desembargador Souto Maior, 281.
Telefones: 3208-3158 /  9996-0183

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Fim dos suplementos literários



 
A notícia recente do fechamento do suplemento Sabático do Estadão acendeu a indignação de escritores, críticos e leitores que ali encontravam um produto cada vez mais raro na imprensa impressa: resenhas críticas que ultrapassem as limitações da simples notícia e, muitas vezes, análises mais detidas de fenômenos culturais importantes.
 
O fechamento do suplemento, e a diminuição em geral do espaço destinado aos livros nos jornais diários não é, certamente, um fenômeno novo. Os chamados “rodapés”, as colunas na parte de baixo das páginas, ocupadas por críticos de imenso prestígio social e cultural (nomes como Tristão de Ataíde, Álvaro Lins, Agripino Grieco, entre outros tantos), que praticamente determinavam a aceitação ou o esquecimento de autores, foram as primeiras baixas. O domínio exclusivo de um grande nome pontificando em cada jornal foi exitosamente substituído em alguns dos grandes jornais pelos suplementos de literatura, onde havia uma pluralidade de colaboradores (embora geralmente a partir de diretrizes comuns). O “Suplemento Literário” do Estadão (1956-1967) e o “Suplemento Dominical” do Jornal do Brasil (1956-1961) são as lembranças mais recorrentes. Os dois foram substituídos pelo “Caderno Ideias”, no JB, e pelo “Cultura” e pelo “Sabático”, que agora se extingue, no Estadão.
 
Mas o que importa aqui não é a história dessas publicações, e sim uma rápida reflexão sobre os que as fizeram desaparecer ou mudar, e que perspectiva se vê pela frente.
 
As explicações mais recorrentes sobre o passamento dos suplementos literários/culturais fazem referencia à opção dos jornais por formatos que privilegiam a quantidade da informação em detrimento de sua qualidade.
 
É uma conversa que vem desde o fortalecimento do rádio como meio de transmissão de notícias, passando pela televisão e culminando, nos últimos anos, com o desenvolvimento da Internet. Subjacente a ela, entretanto, há outro fator mais importante: todas essas publicações eram cronicamente deficitárias, considerando as receitas publicitárias dos jornais.
 
A ausência de anúncios nesses cadernos sempre foi apresentada pelos departamentos comerciais às respectivas editorias como uma ameaça permanente. Os custos de produção, impressão e distribuição desses suplementos jamais foi coberto pela receita publicitária que geravam.
 
Acompanhei esse lenga-lenga várias vezes. Os departamentos comerciais mostravam, principalmente, como os segmentos empresariais supostamente mais interessados na sua manutenção não publicavam anúncios. As editoras, de fato, raramente publicam anúncio. E, quando o fazem, sempre são minúsculos e ocupam, no conjunto, pouco espaço em cm/colunas. Os editores, os leitores e a “intelligentsia” retrucavam sempre que o prestígio dos cadernos compensava essa falta de anúncios.
 
Os departamentos comerciais sempre ganhavam as paradas, e os suplementos fecharam. Até que outro diretor se iluminava e resolvia ressuscitar os cadernos, geralmente sob uma forma mais ampla (tratando de mais assuntos culturais), até que, mais uma vez...
 
Bem, tentemos pensar um pouco sobre os dois assuntos.
 
Primeiro, a concorrência com a Internet, que é o pretexto de hoje, como já foram o rádio e a televisão.
 
Jornal que tentar concorrer com a Internet, com a rapidez e o caráter sintético das notícias que são veiculadas por ali, já perdeu a parada antes de começar a corrida. Por aí não vai, e os próprios jornais já montaram seus sites com as “últimas notícias” na capa. Mesmo assim estão perdendo a concorrência com os portais, que oferecem outros serviços aos internautas e links para uma diversidade maior de assuntos. Quem ainda se sustenta nessa história é a Folha de S. Paulo, não por conta do jornal, mas por causa do seu portal UOL, que tem essas características de amplitude.
 
Também não adianta rechear o jornal com colunistas (ou palpiteiros). A Internet pulula com esses personagens (como eu), que são lidos ou por um segmento especializado de leitores, ou por afinidades políticas ou sociais. E, como os jornalões em grande medida publicam os mesmos colunistas (coincidência ou afinidades eletivas?), os palpites estão espalhados pela rede.
 
Aparentemente a solução que funciona é a que mantem a qualidade editorial e a amplitude da cobertura no jornal impresso, e consegue transferir isso também para a Internet. A rede está cheia de experiências do tipo, mas me parece que o modelo do New York Times é o que está se consolidando. O NYT consegue manter um alto nível de qualidade editorial, com reportagens aprofundadas sobre os temas, que vão além do noticiário cotidiano. Só para citar alguns exemplos recentes, o diário detonou as condições de fabricação de produtos da Apple na China, tem feito reportagens abrangentes sobre o uso de drones nas guerras dos EUA. E mantem o New York Times Book Review, o suplemento literário dos domingos. Às sextas feiras os assinantes cadastrados (grátis) recebem um e-mail com o conteúdo integral do suplemento. E podem ler, também gratuitamente, vinte matérias completas por mês. Se passar disso, tem que pagar.
 
Essa e outras experiências de divulgação do conteúdo do jornal impresso pela Internet estão em processo. Ninguém sabe, exatamente, qual será o modelo que irá realmente vingar. Mas, pelo que acompanho, não é o modelo de reduzir a qualidade do conteúdo e desprezar segmentos como o de livros e leitura.
 
Outro caso é o dos anúncios para os suplementos. As tentativas de fazer as editoras anunciarem nos cadernos culturais esbarram na mesma lógica econômica dos departamentos comerciais. É muito caro, proporcionalmente, anunciar livros nos jornais. Mesmo com as tabelas promocionais. Calculem só quantos exemplares um livro que custe R$ 50,00 tem que vender para pelo menos pagar o custo de um anúncio, depois dos descontos para todos os segmentos da cadeia. Não sei como andam as tabelas, mas certamente é irreal pensar que um anúncio (sempre pequeno) venda livros em quantidade suficiente para isso.
 
O caminho, evidentemente, não pode ser insistir nisso.
 
Marcelino Freire, sempre mordaz, publicou uma crônica em seu blog Os Ossos do Ofídio no qual põe o dedo na ferida. Anúncio em suplemento cultural só vai funcionar se, em vez de tentar buscar anúncios de livros, anunciar outras coisas que eventualmente tenham como público alvo os que também são leitores de livros. Não tenho o talento e a verve do Marcelino para advogar que garotas e garotos de programa ganhem bonificações se anunciarem nas páginas de cultura, mas certamente outros anúncios estariam bem melhor colocados ali que nas páginas gerais ou mesmo na dos respectivos segmentos (como telefonia e informática, por exemplo).
 
Tenho certeza de que o resultado final dessa dizimação dos cadernos culturais por parte dos jornalões pode até trazer o aumento imediato de sua rentabilidade, medida na relação entre faturamento e custos. Mas isso contribui para o aumento de sua irrelevância e, no final das contas, para que percam a grande corrida pela sobrevivência.
Felipe Lindoso é jornalista, tradutor, editor e consultor de políticas públicas para o livro e leitura. Foi sócio da Editora Marco Zero, diretor da Câmara Brasileira do Livro e consultor do CERLALC – Centro Regional para o Livro na América Latina e Caribe, órgão da UNESCO. Publicou, em 2004, O Brasil pode ser um país de leitores? Política para a cultura, política para o livro, pela Summus Editorial. Mantêm o blogwww.oxisdoproblema.com.br
A coluna O X da questão traz reflexões sobre as peculiaridades e dificuldades da vida editorial nesse nosso país de dimensões continentais, sem bibliotecas e com uma rede de livrarias muito precária. Sob uma visão sociológica, este espaço analisa, entre outras coisas, as razões que impedem belos e substanciosos livros de chegarem às mãos dos leitores brasileiros na quantidade e preço que merecem.

sábado, 20 de abril de 2013

129 anos de Augusto dos Anjos



Cítara Mística
Cantas... E eu ouço etérea cavatina!
Há nos teus lábios - dois sangrentos círios -
A gêmea florescência de dois lírios
Entrelaçados numa unção divina.
Como o santo levita dos Martírios,
Rendo piedosa dúlia peregrina
À tua doce voz que me fascina,
- Harpa virgem brandindo mil delírios!
Quedo-me aos poucos, penseroso e pasmo,
E a Noite afeia corno num sarcasmo
E agora a sombra vesperal morreu...
Chegou a Noite... E para mim, meu anjo,
Teu canto agora é um salmodiar de arcanjo,
É a música de Deus que vem do Céu!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Roseana Murray no ônibus

UMA BALEIA

Uma baleia,
apesar do seu tamanho,
é mais leve
que uma nuvem,
é mais leve
que um mistério,
é quase uma música pousada
em cima do horizonte.

In O Mar e os Sonhos, ed. Abacatte, reedição,2011

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Hoje é o dia da Literatura Infantil no Brasil



Monteiro Lobato e alguns de seus personagens

O dia 18 de abril foi instituído como o dia nacional da literatura infantil, em homenagem à Monteiro Lobato.

“Um país se faz com homens e com livros”. Essa frase criada por ele demonstra a valorização que dava à leitura e sua forte influência no mundo literário.

Monteiro Lobato foi um dos maiores autores da literatura infanto-juvenil brasileira. 

Nascido em Taubaté, interior de São Paulo, em 18 de abril de 1882, iniciou sua carreira escrevendo contos para jornais estudantis. Em 1904 venceu o concurso literário do Centro Acadêmico XI de Agosto, época em que cursava a faculdade de direito.

Como viveu um período de sua vida em fazendas, seus maiores sucessos fizeram referências à vida num sítio, assim criou o Jeca Tatu, um caipira muito preguiçoso.

Depois criou a história “A Menina do Nariz Arrebitado”, que fez grande sucesso. Dando sequência a esses sucessos, montou a maior obra da literatura infanto-juvenil: O Sítio do Picapau Amarelo, que foi transformado em obra televisiva nos anos oitenta, sendo regravado no final dos anos noventa.

Dentre seus principais personagens estão D. Benta, a avó; Emília, a boneca falante; Tia Nastácia, cozinheira que preparava famosos bolinhos de chuva, Pedrinho e Narizinho, netos de D. Benta; Visconde de Sabugosa, o boneco feito de sabugo de milho, Tio Barnabé, o caseiro do sítio que contava vários “causos” às crianças; Rabicó, o porquinho cor-de-rosa; dentre vários outros que foram surgindo através das diferentes histórias. Quem não se lembra do Anjinho da asa quebrada que caiu do céu e viveu grandes aventuras no sítio?

Dentre suas obras, Monteiro Lobato resgatou a imagem do homem da roça, apresentando personagens do folclore brasileiro, como o Saci Pererê, negrinho de uma perna só; a Cuca, uma jacaré fêmea muito malvada; e outros. Também enriqueceu suas obras com obras literárias da mitologia grega, bem como com personagens do cinema (Walt Disney) e das histórias em quadrinhos.

Na verdade, através de sua inteligência, mostrou para as crianças como é possível aprender através da brincadeira. Com o lançamento do livro “Emília no País da Gramática”, em 1934, mostrou assuntos como adjetivos, substantivos, sílabas, pronomes, verbos e vários outros. Além desse, criou ainda Aritmética da Emília, em 1935, com as mesmas intenções, porém com as brincadeiras se passando num pomar.

Monteiro Lobato morreu em 4 de julho de 1948, aos 66 anos de idade, no ano de 2002 foi criada uma Lei (10.402/02) que registrou o seu nascimento como data oficial da literatura infanto-juvenil.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Enquanto há vida - Amanda Reznor






Amanda Reznor

*  29 / 08 / 1988
+ 00 / 00 / 0000


"Non duco: ducor!"

em tempo: em virtude do dia Nacional do Livro infantil, que será amanhã, o epitáfio de Amanda foi postado hoje. 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Curtas





O lançamento de acaso caos do poeta campinense Bruno Gaudêncio foi um sucesso. Várias gerações de escritores se encontraram no Bar do Elvis para celebrar o surgimento do novo livro de Gaudêncio. Parece que o Bar do Elvis vai, aos poucos, tomando o lugar que era do Paraíba Café. É esperar pra ver.

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Esta semana participo da IV Edição do Abril para Leitura, uma promoção do Centro Cultural Banco do Nordeste de Souza. O evento reúne artistas de vários Estados do NE. Dia 19 faço conferência sobre Augusto dos Anjos.

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Juca Pontes garante que lança ainda no primeiro semestre seu novo livro de poemas. Estamos esperando.

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Ainda falando sobre Juca, foi ele o responsável pela nova edição, confeccionada pela gráfica do Senado, do Eu de Augusto dos Anjos. Eu ainda não vi o livro, mas disseram que ficou lindo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Para desfrutar do prazer da leitura, nunca é cedo demais!



Foto: Marcella Briotto
Foto: Para desfrutar do prazer da leitura, nunca é cedo demais!

Quem se dedica a ler para uma criança desde os seus primeiros meses de vida, valoriza o ato da leitura e estreita os laços afetivos com ela. O fato de ser apenas um bebê não é impedimento para manter os livros afastados da rotina diária. Ao contrário. É desde o colo da mãe ou do pai que o bebê pode/deve se aproximar desse universo mágico, despertando o prazer de ouvir o som das palavras, por exemplo.
1808Especial Importância da Leitura 
Ler é um hábito poderoso que nos faz conhecer mundos e ideias. Descubra a importância da leitura para todas as idades!



A fase seguinte acontece a partir dos três a quatro meses, quando ele consegue manter-se sentado. "O bebê começa então a demonstrar um envolvimento físico com o livro", lembra Theodora Maria Mendes de Almeida, diretora do colégio Hugo Sarmento, há 46 anos em atividade na capital paulista. "E se sente tão atraído que deseja conhecer esse objeto com a boca, o que é muito importante".



As dicas aqui em destaque pretendem, portanto, ajudar os pais durante os primeiros contatos dos seus bebês com os livros. São dicas que não devem ser utilizadas para ensinar a ler e a escrever, mas sim despertar o prazer da leitura - o que seguramente vai acontecer, se forem aplicadas com naturalidade no dia a dia.

Use sonoridade das palavras
Desperte o olhar
Tato: ativar!
A distração faz parte
Sempre à mão da criança
Dicas para os pais! Veja algumas ideias de como a mãe e o pai podem se comportar no cotidiano de modo a despertar ainda mais o interesse por livros em seu bebê: