segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Férias

Depois de tanto tempo de dedicação e postagens seguidas. O ônibus vai parar para alguns ajustes. Retomaremos as viagens a partir do dia 15 de outubro.

Obrigado aos passageiros e passageiras!!!
Até breve!!!

Jairo Cézar

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Livros com metas do Plano Nacional de Cultura são distribuídos em todo País

Cerca de 20 mil livros contendo o detalhamento das 53 metas do Plano Nacional de Cultura (PNC) serão distribuídos em todo o País. A publicação quer divulgar os objetivos desta década para o setor e, assim, possibilitar que gestores públicos, artistas, grupos de cultura popular e tradicional, produtores e cidadãos, em geral, possam acompanhar e contribuir para a execução do plano.
O Ministério da Cultura já enviou, aproximadamente, quatorze mil livros para órgãos estaduais e municipais, universidades, deputados federais e senadores de todos os estados - como forma de ampliar o conhecimento sobre o PNC e sensibilizar gestores e agentes culturais.

Metas
Imagem/ Ministério da Cultura Plano Nacional de Cultura Ampliar
  • Plano Nacional de Cultura
As metas do plano foram aprovadas em dezembro de 2011 e devem ser atingidas até o ano de 2020, para estimular a criação, difusão, consumo e apreciação dons bens culturais, além da educação, pesquisa e surgimento de novos espaços de cultura.

O conjunto de metas foi anunciado oficialmente há sete meses, durante uma cerimônia que contou com a presença da ministra Ana de Hollanda. Na ocasião, a ministra afirmou que os recursos deverão vir não só do orçamento da União, mas também de emendas parlamentares e dos recursos destinados ao Fundo Nacional de Cultura.

Esses recursos serão utilizados para execução de ações como o mapeamento das expressões culturais de todo o território nacional e das atividades econômicas associadas à economia criativa; concessão de benefício financeiro às pessoas reconhecidas como mestres da cultura popular e detentores de saberes tradicionais; e inserção da disciplina de arte no ensino básico de escolas públicas, com a formação continuada de 20 mil professores.

Entre as metas do plano também estão o fomento à produção cinematográfica, para duplicar o número de filmes que foram produzidos em 2010, alcançando 150 novos longa-metragens em 2020; e chegar a 15 mil pontos de cultura em funcionamento até 2020.

O material está disponível também em formato digital, para download.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Duelo entre o real e o imaginário no novo livro de Linaldo Guedes


 
Por Ronaldo Braga

A poesia de Linaldo Guedes é um grito carinhoso que continua mais forte no seu silencio, que nos pergunta o tempo todo sobre organização e alma, sobre vida e acordo, poesia que é um solapo em nossa quietude e ler “Metáforas para um duelo no sertão do poeta” Linaldo Guedes  nos permite um momento onde a quietude não é uma calmaria antes é uma necessidade de sobrevivência, pois é preciso depois da leitura fechar o livro e organizar o turbilhão de imagens, de buscas, de caminhos que de forma firme e duradoura ocupam nosso cérebro. 

Há e sempre houve muitos duelos no sertão, o sangue brota de peitos lacerados e cabeças erguidas, e o poeta  da Paraíba, nos revela um outro duelo dentro de todos os duelos sertanejos, o duelo que marca a fronteira entre o real e o imaginário, entre a escolha e o imposto, entre o ser e o nada, um duelo travado na fome que não nos devora e sim nos impulsiona como fortes para caminhar entre espinhos e sedes, a fome que  é o caminhar,  o viver entre nuvens de ideias e poucas certezas, a fome que nos mantém vivos.

É, portanto, desta fome que trata o livro do poeta Guedes, uma fome bela e que no sertanejo às vezes coberta como poeira por outras fomes pode nos aparentar fracos ou mesmo vitimas. E  a poesia de Linaldo não tem  a dor do fracasso ou da vingança, mas a serenidade da percepção que a vida sofre mas também é uma festa, é uma espera e é sempre uma luta dentro de muitas outras lutas. 

"meu pai sorriu
à sombra da goiabeira

nada de rugas na face
apenas a névoa
de um tempo escondido pela sombra das horas."

O passado na figura do pai é de uma melancólica e doce  lembrança, não no sofrimento, mas na névoa que reescreve o rosto na falta de rugas e numa sombra, a da goiabeira, uma outra faz suave e sábio o nosso existir, o das horas.

E enfrentando a religião sem raivas e sem medos ele afirma:

"matraca silenciosa
liturgia de augusto
remoendo
moendo
doendo
moenda
- bagaço de homem no altar dos sertões".

E o poeta Linaldo Guedes brinca com sua infância, seu crescer, sua família e entre alegrias e descobertas ele afirma a sadia desavença entre idades e sexos no ninho, que é um pouco revelado na sombra da goiabeira, salta agora em Lili, em Deci, Didi, Laura, em Laudeni, na galega Neném e se junta na rede com o pai, embalado em natais onde a família tocaiava sonhos de olho no alpendre, pois sabedor que 

"liturgia de oração
- negação do jejum do prazer"

Linaldo declara:

"nunca conseguira entender a falta de pão"

Pois é com poesia que o poeta enfrenta dores e calúnias

"sou um homem marcado
marcado para doer
gado preso no curral
quando não, abatido
comendo Baudelaire
na erva daninha de meu capim."

E continua caminhando por entre fantasmas  nas brincadeiras de muitas humanidades, fazendo duelar os medos dos 12 anos, bumba meu boi  e sombras na parede, com a dura realidade do homem quarentão que nada teme, mas

"tanto medo aos 12
aos 40, medo só de seu olhar de graúna"

Linaldo Guedes não vive por ai afirmando sua sertanidade, antes universal sabe das necessidades de superar mitos e vencer etapas 

"cansei de pasárgada
este negócio de sentar-se eternamente no trono
não compensa a mulher que queremos"

Podemos então arriscar que “Metáforas para um duelo no sertão” do poeta paraibano LINALDO GUEDES, publicação da editora Patuá é não um mergulho no próprio umbigo do poeta, mas sim a afirmação da vida com toda a dor e o prazer que tem no fato de viver e que também soa este livro como uma canção que pode ser  um grito forte saudando nossas fomes e um esperançoso desejo de duelar.

Recomendo a leitura de “Metáforas para um duelo no sertão”, que com certeza vai abrir horizontes e permitir o deleite do belo numa terra árida e fazer plainar azedumes em dias de fugas, Um livro com um coração repleto de amores e fomes e sempre um coração decidido.

Ronaldo Braga é poeta baiano.

sábado, 1 de setembro de 2012

RAPUNZEL E OUTROS POEMAS DA INFÂNCIA


Por Águia Mendes

         A literatura infantil está longe de ser, como muita gente costuma julgar, uma literatura menor, boba, com um endereço definido: crianças e jovens. Uma literatura que revelou nomes como Monteiro Lobato, Lewis Carrol, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, J. M. Barrie, Ana Maria Machado, Perrault, os irmãos Grimm,Maria Clara Machado, Lygia Bojunga Nunes, La Fontaine, Carlo Collodi, Ruth Rocha, Henriqueta Lisboa, EloíBocheco, apenas para citar alguns autores nacionais e internacionais, não pode nunca ser chamada de menor.
          
             Algo tem chamado muita a minha atenção e me intrigado: o fato de muitos adultos acharem que a literatura infantil é apenas para crianças e jovens. Talvez isso se deva a um mau julgamento sobre a ideia equivocada de que a literatura infantil é alguma coisa sem maior importância. Ao contrário, a literatura infantil é uma arte, uma grande arte. E uma das mais difíceis, pois,mesmo tendo em vista um público ainda imaturo e em formação, ela não pode perder de vista seu horizonte literário.
          
            Pois bem, me intriga a maneira como certos adultos julgam o livro infantil como não pertencendo mais ao seu mundo. Como o adjetivo “infantil” talvez esteja mal empregado,é provável que pré-julguem esse tipo de literatura como essencialmente pueril, e que eles já estão grandinhos demais para consumi-la. Engano.

   Como em qualquer literatura, na literatura infantil também há livros que são verdadeiras obras de artes e outros que não passam de simulacros literários. De modo que é impossível passar indiferente por obras como As reinações de Narizinho, Alice no país das Maravilhas, Pinóquio, Peter Pan, O menino poeta, A arca de Noé, O menino do dedo verde, Ou isto ou aquilo,Zoo imaginário, A ilha do Tesouro,Mowgli, etc., etc., etc.
        
         A literatura dos “pequenos” deve e precisa, também, ser consumida pelos marmanjos. De minha parte, e talvez por minha própria condição de poeta, costumo sair à cata de novidades na área de poesia. Infelizmente, é muito raro encontrar alguma coisa nas livrarias. Não sei por que se investe tão pouco em poesia para a criança. Daí quando surge um livro novo no gênero e esse livro tem as qualidades que todo bom livro requer, faço soar meus clarins e trombetas pelos quatro cantos do mundo.
         
        Esse é o caso, por exemplo, do livro do jovem poeta paraibano Jairo Cézar:Rapunzel e outros poemas da infância.Publicado pela Editora Forma em janeiro deste ano, tem excelente projeto gráfico de Juca Pontes e ilustrações do sempre competentíssimo e inspiradíssimo Tônio.

 O livro de Jairo é um daqueles livros raros que só aparecem de tempos em tempos. A sua força poética é de tal ordem comovedora, que é impossível que agrade apenas aos pequenos.  Os poemas, por assim dizer, não são maiores do que o punho fechado de uma criancinha, quase um haicai, mas funcionam como uma poderosa bomba de efeito lírico, como neste poema:

Sol em pétalas
a girar em mim,
Astro Rei
do meu jardim.
(O girassol)
Ou neste:
Se eu fosse um
passarinho,
teus olhos seriam
meu ninho.
(O passarinho)

E ainda neste:

Seu sorriso
sem dente
enche de flor
a boca
da gente.
(O sorriso de Beatriz)
          E o poeta vai assim transportando o leitor para o universo onírico dos contos de fadas em sua carruagem de abóbora puxada pelos cavalos da poesia. A releitura que ele faz desses contos tradicionais dá-nos a ideia da qualidade da sua arte:
Palha, madeira ou tijolo?
Onde será que mora o lobo?
(Os três porquinhos)

                                               ***
Se não troco
Soneca por Atchim,
o poema dorme
antes do fim.
(Branca de Neve)

São poemas curtos porém urdidos com grande inteligência.  É muita sorte dos meninos e das meninas e, por tabela, dos marmanjos antenados na boa poesia infantil, que um poeta da força expressiva de um Jairo Cézar tenha surgido. Está de parabéns a Editora Forma pela publicação de tão excelente trabalho e a literatura infantil brasileira por ganhar mais um autor de qualidade indiscutível.

 Águia Mendes é poeta.